E o futuro da mesma.
Ross Dawson conduziu um estudo, que prevê o fim dos jornais no seu formato físico, o formato de papel. Confesso que, desconheço na íntegra tal documento, pelo que, é me completamente impossível, além de irracional, tecer algumas considerações acerca do mesmo, e de como o mesmo, assim prevê semelhante desfecho para a indústria tipográfica e de distribuição . Além do papel que os jornais impressos providenciam, a informação e entretenimento, existe toda uma industria por detrás, que quase invisível, é no entanto, um nicho económico que não se deve desprezar.
Tamanho destino, já anteriormente tinha sido vaticinado, para as rádios. Não muito longe no tempo, vários “estudos” e “projecções de futuro”, declaravam as radios como, obsoletas e no limiar da extinção. Não se sucedeu tal facto, as rádios, continuam a ser uma importante industria no cotidiano, modernizaram-se, acompanham a evolução, e por cá se mantêm.
Tal como a rádio, os jornais impressos, continuam a ser transversais, conseguem reunir uma homogeneidade de utilizadores, que vão a todos os espectros etários, e a todas as areas, onde esses mesmos serviços se possam integrar.
Isto, numa perspectiva abstracta do assunto, duvido que o jornal impresso se extinga, no entanto, e desconhecendo os factos e fundamentos aludidos por Dawson, que podem conter razões, factos e fundamentos que desconheça.
Todavia, extinguir o papel impresso no seu geral, é uma coisa, que me parece irreal, outra será a própria reformulação da própria indústria jornalística, que pode (e não seria inédito), forçar o fecho de alguns tablóides, ou num razoável limite do aceitável, forçar os mesmos a abdicar do formato impresso, e manter se somente no espectro virtual/tecnológico.
A informação é um negócio, uma industria de escala, que se nada produzir, é obsoleta, inútil e completamente desnecessária, e qualquer industria, necessita de consumo, se ninguém beber vinho, é inútil plantar vinhas dedicadas a esse segmento, o negócio da informação é o mesmo, se o produto produzido for defeituoso, o consumo irá se reduzido.
Pode a industria da informação se auto imolar, se continuar a percorrer este caminho do negócio primeiro, a informação depois, e esse facto é determinante para a versão impressa, é errado colocar a pressão sobre o “jornal impresso”, quando na realidade, o mesmo é um meio, e não um recurso. No dia em que se esgotarem os recursos (jornalismo), os meios são inexistentes por natureza.
Pelo que, se existe algo em perigo, não são os jornais impressos (quem diz jornais, diz revistas e outras formas similares de cariz informativo), mas sim a própria industria da informação, corre o risco de se afundar na sua própria soberba.
Por coincidência, li hoje um artigo do Miguel Esteves Cardoso, entitulado “ O milhão do contra”, em um conhecido “negociante de informação”, e está tudo dito em relação ao conceito que reina nesse mundo de suposta “informação”, gosto de ler o Cardoso, especialmente porque adoro um bom drama cómico. A industria da informação tornou se maniqueísta e focada no lucro, e esqueceu-se do seu propósito, e isso pode ser perigoso.
O fim dos jornais impressos, acontecerá no dia em que a informação que presta, a ninguém servir, e esse dia não chegará por certo…