Oh, não! Mais um texto de Natal!

Luzinhas, pinheirinhos, enfeites, duendes, músicas natalícias, correrias… Será que todos vivem esta época da mesma forma?

O Natal é, definitivamente, uma festa da e para a família. Porém, o conceito de família pode ser diferente de pessoa para pessoa. Para uns, família, resume-se ao núcleo mais chegado, pais e irmãos, quando os há. Para outros, inclui tios, primos afastados e até o vizinho cujo papagaio morreu recentemente e precisa de apoio nesta quadra.

Há ainda quem prefira passar as Festas entre amigos, ou porque estão longe das suas casas ou tão somente porque sim.

No que me diz respeito, sou acérrima defensora da velha máxima que diz que o Natal é quando o homem (leia-se espécie humana) quiser. Por conseguinte, natal pode (e deve) ser todos os dias.

Se este espírito, muitas das vezes falso e hipócrita, de bondade, de amor ao próximo, de partilha, de compreensão, de amizade, consegue, nesta altura do ano, coexistir com as cada vez mais frequentes demonstrações de egoísmo, de incompreensão de falta de civismo e de educação que duram de janeiro a dezembro, com um “pequeno” esforço este espírito poderia estender-se pelo ano fora.

Sim, até porque após nos livrarmos dos despojos natalícios, das carradas de papel de embrulho, da aletria fora de prazo, das frutas secas ainda mais secas e do farrapo velho que daria para pelo menos mais três refeições, tudo continua na mesma: os sem-abrigo permanecem sem abrigo, as famílias carenciadas continuam a ter carências, os membros da família continuam afastados, o isolamento e a solidão continuam patentes, o egoísmo e a falsidade retiram as máscaras, isto é, volta tudo à sua “normalidade”.

Pode, então, concluir-se que esta época não passa de uma efémera ilusão, uma espécie de “tapa-buracos” que perde a cola logo dia um de janeiro deixando visíveis os buracos quer nos orçamentos, quer nos corações e nas almas, buracos esses que, infelizmente, permanecerão invariável e permanentemente expostos.

Que tenhamos, portanto, a capacidade e o discernimento necessários para distinguir o que é verdadeiro do que é fruto da época e, acima de tudo, para tentar alargar este espírito de bondade e coesão aos doze meses do ano!

Nota: Este artigo foi escrito seguindo as regras do antigo acordo ortográfico

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