O romantismo deveria ser uma coisa atemporal, que passasse pelos séculos incólume e sem máculas que o reduzissem a dias especiais, mais vincado pelo “merchandising” do que pelo sentimento.
A luta pela igualdade de género trouxe ao romantismo um desnorte de papéis e este acabou por perder algumas características de sedução e de galanteio masculino, que foram deixando de fazer qualquer sentido: o cavalheirismo foi-se diluindo e, nos dias hoje, gestos outrora apreciados são facilmente confundidos com machismo.
O homem pagar a conta, abrir a porta do carro, puxar a cadeira para a mulher se sentar, são gestos que caíram em desuso, como a serenata ou a carta de amor.
Uma cena dessas, atualmente, é mal-aceite pela sociedade, mas não deixa de ter um certo encanto e ainda é o sonho secreto e romântico de muita gente por aí.
Posso confessar que nunca recebi um ramo de flores ou nunca me abriram a porta do carro. Nunca ninguém me ajudou a sentar e, sinceramente, não sei qual seria a minha reação a qualquer uma dessas situações, mas não vou mentir e dizer que não são coisas que não existam no meu imaginário mais romântico.
Se passo bem sem isso? Passar, passo, mas não é a mesma coisa.
A realidade é mais fria, mais descaracterizada, mais individual, mas contempla também a diversidade e a multiplicidade no romantismo, dando-lhe abertura para todo o tipo de excentricidades e, tornando normal, todo o tipo de iniciativas no campo do amor.
Por outro lado, o amor também ele se tornou num sentimento mais efémero, mutável e egocêntrico, levando muita gente a nem sequer acreditar na sua existência como algo “para sempre”.
A verdade é que tudo muda e nada é para sempre.
Os hábitos, os costumes e o normal são, e bem, processos em constante evolução.
Melhor ou pior, é tudo uma questão de opinião.