Uma das séries de sucesso da Netflix voltou para a segunda temporada. Baseia-se noutra década do reinado da Rainha Elizabeth II.
“Misadventure” é o título do primeiro episódio. Começamos a temporada com uma crise matrimonial entre a Rainha Elizabeth (Claire Foy) e Philip, o Duque de Edimburgo (Matt Smith). Durante os episódios seguintes, recuamos meses do ponto de partida e compreendemos a origem da situação. O casamento real é posto à prova e o divórcio não é opção. O casal terá de lutar para que o matrimónio se mantenha estável. Elizabeth terá de tomar difíceis decisões a nível pessoal e nacional. Numa série histórica que acompanha factos verídicos, o espectador conhece mais pormenores sobre a Crise Suez e o Caso Profumo. Para relembrar, a guerra Suez mencionada aconteceu no ano de 1956, uma crise política que teve início quando Israel, com o apoio do Reino Unido e França, países que utilizavam o canal para o livre acesso ao comércio oriental, declarou guerra ao Egipto. Já o desfecho da temporada foi marcado pelo Caso Profumo. Um escândalo político, entre John Profumo, Secretário do Estado de Guerra e Christine Keller uma futura modelo de 19 anos de idade que abalou o Parlamento e resultou na demissão do Primeiro-Ministro. Estes foram fortes assuntos que assombraram as décadas de 1950 e 1960, período que se foca esta temporada.
A Netflix prometeu-nos 60 episódios desta série, que se tem mantido um sucesso, e ainda só vamos na segunda metade de reinado na vida da Rainha. Durante estes anos além das crises políticas que abalavam o governo, após Churchill (interpretado por John Lithgow na temporada passada) dois primeiros-ministros não conseguem manter-se no cargo, fortes críticas são feitas à monarquia, a fidelidade do Duque de Edimburgo é posta em causa, o casamento real entre a princesa Margaret e um fotográfico bissexual e até a visita dos Kennedy ao Palácio Buckingman, dois anos antes do assassinato do Presidente, todos estes temas foram retratados nesta temporada.
O argumentista e criador, Peter Morgan é um especialista em adaptações históricas. “A Rainha” (2006) e “Frost/Nixon” (2008) são filmes que contam também com o seu nome. Nesta segunda parte os produtores decidiram ser mais abrangentes na narrativa. O foco principal apesar de ainda continuar a ser Elizabeth, intensifica-se por mais personagens. Philip consegue ter um destaque mais firme nesta temporada. O seu passado foi resumido no episódio “Paterfamilias” e a sua descendência nazi explicada. Neste que foi um dos melhores episódios da temporada conjuga com clareza a educação de Charles, Príncipe de Gales , com a do pai. Além de Philip é Margaret (Vanessa Kirby), irmã da Rainha que consegue sobressair-se um pouco mais. A sua personagem como princesa boémia é evidenciada pelos cigarros que fuma, bebidas alcoólicas que ingere e festas a que marca presença. Ouve música alta de madrugada e está desesperada para casar. Depois de um noivado falhado, aceita o pedido de casamento muito controverso de Anthony Armstrong -Jones (Matthew Goode). A princesa, merece um episódio só focado em si. “Beryl” descreve Margaret como uma jovem solitária e vulnerável onde só procura o amor.
Nesta gloriosa produção todos os pormenores são mantidos muito idênticos à realidade. Desde os eventos que marcaram a monarquia britânica, o fantástico guarda-roupa das personagens até aos cenários que completam a série. O elenco permanece firme e fantástico e considero dos pontos mais fortes da série. Na terceira temporada o cast vai sofrer alterações para uma nova década de acontecimentos. Para já os confirmados são Olivia Colman para Rainha Elizabeth e Helena Bonham Carter como Princesa Margaret.
“The Crown” é uma excelente aposta para escolha de serão e só não queremos que acabe. Longa vida a “The Crown“.