The Mule é um filme intimista, que prende o espectador ao ecrã com a simplicidade e genialidade (genuína) do grande, enorme Clint Eastwood. Um filme simples, sem grandes desvios para preencher lacunas que não existiram, vive dos diálogos e do sentimentalismo que Earl cria com a sua família desde o início. Foi um pai ausente, “perdeu” a sua esposa pelo seu amor maior às flores. Não deixa de ser irónico. Na metade descendente do filme (não em conteúdo e argumento, mas numa perspectiva sequencial), ele próprio diz: “tinha vergonha do falhanço que era em casa, só queria ter orgulho em ser eu mesmo com as flores” (citação ligeiramente adaptada).
De realçar que há, na parte final, um diálogo emocionalmente sublime com a esposa, em que a mensagem essencial é: “– Amo-te (Earl). – Mais hoje do que ontem? (esposa). – Não tanto como amanhã”. Achei perfeita esta sequência de desabafos.
O filme ensina muito sobre a forma como devemos encarar aquilo que é realmente importante, do início ao fim, na nossa vida. Aquilo que, nos vaivéns da existência, permanece eterno na terrível imensidão de ser. O filme mostra que a família é tudo. Tudo o que importa. Seja ela qual for.
Por isso, não nos esqueçamos de amar o próximo, se o nosso coração nos guiar nessa direcção. O caminho é, todo ele, incerto. A rota, essa, um maravilhar de sensações. Um paraíso de possibilidades. De felicidade.
Obrigado, Clint Eastwood, por mais uma obra-prima (à frente e atrás de uma câmara onde os sonhos se tornam realidade).