Telepatia sexual

As mãos deslizaram rapidamente e os sentidos não se descolavam da alma que os sugava. Os olhos estavam fixos e pareciam não saber respirar. Os corpos tremiam imbuídos de um gelo inesperado. Era a despedida que não queria ser feita. Uma vontade imensa de querer ficar. Os lábios ainda permaneciam húmidos do último beijo. Aquele que nunca se sabia se seria mesmo o derradeiro ou somente temporário. Os cabelos eram apenas tocados pelo vento. A angústia juntava-se a eles.
Os seus encontros eram sempre diurnos, nunca tinham ficado juntos uma única noite sequer. Nunca se tinham podido entregar por completo. Nunca tinham acordado agarrados nem assistido ao nascer do sol. Uma enorme e muda dor que tiveram de calar. Uma vontade que jamais poderia ser satisfeita. A ternura e a força intrínseca que um verdadeiro castigo consegue ter. Nem uma única vez tiveram a coragem para mudar o que os desgastava. Viviam o momento.
Em quartos e casas separadas, sentiam os amores assim apartados e solitários que sofriam em cubículos de solidão bizarra e impossível de resolver. Sóis que brilhavam em firmamentos altos e onde os quasares distantes emanavam brilhos metálicos e sorumbáticos soltando raros caleidoscópios de sensações que sabiam ser apenas suas. Mundos paralelos de ficção resolvida e profunda que acalmava os ânimos que se revoltavam quando sentiam mais forte.
São estes os amores que ficam para sempre. A imagem do que nunca aconteceu, mas que podia ter sido. A fusão do que seria com o que não foi. O estar não estando. Tudo está na mente. Uma espécie de telepatia sexual que provoca um prazer imenso e profundo. Um prazer que não se esgotava. Um cansaço que era saudável. Uma luz imensa que parecia anunciar a morte. Os corpos nunca estavam saciados e a espera era inútil.
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