
Nunca antes fomos tão sedentos de arte.
Ao dia de hoje, todos somos pelos concertos, pelo humor, pelo cinema, pela literatura, pela fotografia, pela pintura. Por tudo o que penetra a alma e nos alivia ao entrar-nos em casa, quando pouco mais pode entrar. Que nos eleva a um outro plano, a uma outra dimensão que não esta. Que nos quebra padrões de pensamento. Rompemos todos da placenta quando a arte nos inunda. Rompemos o cordão umbilical de nosso egoísmo. O mundo é outro, as dimensões são outras, o corpo estica-se, a alma transforma-se.
Hoje, todos somos aplausos aos artistas que ali estão, nas telas, pelo mais nobre amor à arte. Hoje, imaginemo-nos sem ela. Sentados num qualquer sofá olhando a branca parede. Imaginemo-nos. Agora. Imaginemo-nos sem ela. Sim. Fechemos os olhos e imaginemo-nos. Sem ELA.
Oh, fatídico!
Dói.
Hoje, não há teatro em cena, não há artistas de rua, não há concertos ao ar livre, não há exposições nem museus. Amanhã e depois, não haverá. Nem depois. Nem depois. Outro dia.
Sois grandes, artistas.
A vida é nada. Sem arte, nada.
Hoje, sabemo-lo. E outro dia, depois dos amanhãs, esqueceremos?
Que a memória não mais nos fuja para sabermos, sempre, que a ciência salva o corpo, mas a arte salva a alma. A ela devemos as asas do sonho dos tempos do agora. Que no futuro a amem e a aplaudam em vida. Que nunca mais se espere a morte do artista para o cantar, para o louvar, para o engrandecer.
O movimento Portugal #entraemcena, anunciado pela Ministra da Cultura – Graça Fonseca, materializa-se numa plataforma digital onde estarão juntos artistas, empresas públicas e privadas com um fim comum: “garantir a identidade e sustentabilidade cultural do país.” Este Marketplace permitirá que artistas apresentem as suas ideias e propostas de criação artística bem como responder a propostas de conceptualização e desenvolvimento aos desafios lançados por entidades e empresas.
Que nunca mais deixemos de estar em cena.