O nome de Herman José, humorista, actor e entertainer alemão é transversal. Gerações inteiras têm na sua memoria inúmeras personagens criadas por si , as suas falas e músicas intemporais.
Aos 65 anos de idade e 45 de carreira, mantem-se como o rei do humor em Portugal, influenciando os novos talentos do panorama humorístico, como ficou bem patente nos dois espectáculos que ministrou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, nos passados dias 12 e 13 de Abril, espectáculos esses que arrebataram elogios da critica, considerando-o como o “Pai” do humor nacional contemporâneo.
Nascido a 19 de Março de 1954, em Lisboa, filho único, de pai com nacionalidade Alemã e Espanhola e mãe Portuguesa.
Apesar de ter vivido sempre em Portugal, nunca adquiriu a dupla nacionalidade para não ser mobilizado para a guerra do Ultramar, adoptando a nacionalidade do pai, a alemã.
Aos 4 anos de idade, já protagonizava os filmes amadores do pai, que conciliava a sua actividade no comércio de mármores com a paixão do cinema amador.
O meio artístico sempre foi o seu habitat natural, adquirindo ainda enquanto estudava uma viola-baixo “Fender Jazz Bass” em segunda mão, numa loja de penhores. A música e a representação sempre foram a sua paixão, o que o incentivou a abraçar a carreira artística.
Depois do 25 de Abril de 1974, estreou-se como actor na revista á portuguesa” Uma no cravo, outra na Ditadura”, onde dividiu o palco com autênticos ícones da revista como Ivone Silva, Nicolau Breyner, entre outros.
Descoberto por Nicolau Breyner, é levado pelo actor a estrear-se na televisão com a rábula “ Sr. Feliz, Sr. Contente”, onde faz dupla com o mesmo, rábula essa que ainda continua bem presente no nosso imaginário.
Mais tarde, já após os grandes êxitos musicais que protagonizou, entre eles,” Super-Homem português” , “A canção do beijinho” e “ Saca o saca-rolhas” é convidado por Júlio Isidro, a participar no programa “ Passeio dos Alegres”, Onde encarna a personagem Tony Silva ( o “criador “ da música Rô), o que o lançou para a ribalta.
Participou em 1983 no Festival da Canção, com a música” A cor do teu batom”, onde se classifica em segundo lugar.
A partir daí e sempre na RTP, é responsável pelos programas “ O tal canal” e “ Hermanias” , onde cria personagens ímpares como “ Serafim Saudade”, “Doutor Pinóquio “, o comentador- desportivo “José Esteves” , personagens que ficarão sempre ligados ao nosso imaginário.
No programa seguinte, “ Humor de Perdição”, cria a personagem “ Maximiana” e varias entrevistas históricas, entre elas uma relacionada com a Rainha Santa Isabel, o que levou à sua suspensão por esta personagem ser considerada um atentado aos valores históricos.
Fazendo um interregno na televisão, dedica-se a programas humorísticos de rádio e a longas-metragens cinematográficas. Regressa á televisão em 1990, com o programa “ Casino Royal”, uma mistura de ficção de alta comédia com uma forte componente musical.
Vira-se a partir daí, para os talk shows com o “ Parabéns “, programa do género, até aquele momento nunca visto na televisão portuguesa, convidando ilustres personalidades portuguesas e internacionais, com quem comunicava facilmente por causa dos seus conhecimentos em Inglês, Alemão e Francês.
Cria em 1997 o programa de humor” Herman Enciclopédia” , onde personaliza varias personagens como “ Diáconos Remédios”, “ Super- Tia” ,”Engenheiro Passos de Ferreira”, “ Lauro Dérmio” ,“ David Vaitembora” ou “Melga e Mike”, fazendo sátira de varias personalidades e momentos da nossa sociedade.
Em 2000, chega á SIC, apresentado aos domingos, o talk show “ Herman SIC”, onde se faz acompanhar por uma equipa extraordinária composta por Joaquim Monchique, Maria Rueff, Ana Bola, Manuel Marques, Vítor de Sousa, entre outros. Por ele passaram imensas vedetas internacionais, é neste programa que a fadista Mariza, convidada assídua, ganha enorme visibilidade.
No dia 13 de Janeiro de 2007, no programa “ Os grandes portugueses”, Herman fica na posição 70º numa lista de 100 individualidades.
Durante a sua carreira recebeu inúmeros prémios, como Globos de Ouro da televisão portuguesa, o prémio “Personalidade masculina Portuguesa do ano “, pelo canal Biography Channel, em 1998.Foi também agraciado com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, em 1992.
Regressa á casa mãe em 2010, para apresentar o programa “ Herman 2010” durante 4 anos. No Ano de 2016 estreia o programa “Cá por Casa” onde ainda continua.
Herman José é um comunicador nato, actor multifacetado e versátil, humorista único. Criando personagens intemporais que ficarão para sempre na nossa memória, um dos melhores artistas que o nosso país viu actuar até ao momento, seja em programas de televisão, espectáculos ao vivo, talk shows ou em simples espectáculos de beneficência. Um artista que sempre acompanhou a evolução do mundo do entretenimento, acompanhando o evoluir das novas tecnologias em prol do seu público. O Senhor “Entertainment”, respeitado por todos aqueles que compõe o mundo do entretenimento. É responsável pelo surgimento de vários nomes ilustres do humor em Portugal e um exemplo que tem sido seguido pelos novos talentos emergentes, que o consideram o “Pai” do humor contemporâneo.
Herman José transmite nos seus espectáculos e programas televisivos uma empatia com o público só próprio dos predestinados. Procurando empregar nas personagens criadas, um cunho pessoal e popular, graças a isso tem criado uma legião de fãs, composta por vários escalões etários. Evoca nas personagens recriadas por ele, o quotidiano da sociedade portuguesa, dando-lhes um cariz brejeiro e satírico, efectuando caricaturas únicas de personalidades e situações polémicas em foco na nossa sociedade.
Sendo um homem com uma cultura grandiosa, consegue de uma forma subtil ,fazer críticas implícitas a grandes personalidades , sem que isso lhe acarrete dissabores ,tendo adquirido um estatuto ímpar na nossa sociedade.
No novo panorama humorístico português, vários comediantes tem tentado seguir a sua linha artística, tentado aproximar o modo de fazerem humor á do seu mestre. Mas a Herman tudo e permitido, as suas piadas brejeiras são o seu fio condutor, o que anima a sociedade e o que prende o público á sua obra.
Herman José é o humor português. Por vezes pergunto-me, o que seria o humor português sem o Herman? Poderíamos viver sem ele? Poderíamos… mas não era a mesma coisa!
Um senhor no palco e na vida.
Um verdadeiro artista.