Um gesto que mudou um sistema. Pode ser uma frase que lhe assenta que nem uma luva. Assim foi o que Rosa fez, num dia em que decidiu enfrentar certas decisões.
Activista do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos da América, no dia 1 de Dezembro de 1955 entrou para a história por se negar a ceder, a um branco, o seu lugar num autocarro, em Montgomery, no Alabama.
Rosa Louise Parks nasceu em Tuskegee, Alabama, no Sul dos Estados Unidos, no dia 4 de Fevereiro de 1913. Filha de James e Leona Edwards McCauley, mais tarde, mudou-se com a família para Pine Level, onde estudou na escola rural.
Com 11 anos, estudou na Montgomery Industrial School for Girls e depois na Alabama State Teacher’s College High School. Devido a uma situação familiar, com a doença da avó e depois com a da mãe, foi obrigada a abandonar a escola.
Passou a trabalhar como costureira para ajudar nas despesas da casa. A vida tinha que ser ganha com o suor do seu rosto. Nunca virou as costas ao quer que fosse.
No dia 18 de Dezembro de 1932 casou-se com Raymond Parks, membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor, uma organização que lutava pelos direitos civis dos negros, da qual Rosa se tornou uma militante. Incentivada pelo marido, concluiu os estudos em 1934.
Em Montgomery, no Sul, era o local onde ocorriam os maiores conflitos raciais do país. Desde 1900 e por lei, os primeiros lugares dos autocarros estavam reservados para os passageiros brancos.
No dia 1 de Dezembro de 1955, quando voltava do trabalho, entrou no autocarro e sentou-se num desses assentos. Quando alguns brancos entraram e ficaram em pé, o motorista exigiu que Rose e outros três negros se levantassem para dar o lugar aos brancos. Enquanto os outros três se levantaram, ela negou-se a cumprir a ordem e permaneceu sentada.
A polícia interveio e Rosa foi detida e levada para a prisão por violar a lei de segregação de Montgomery, apesar de não estar sentada nas primeiras cadeiras. No dia seguinte foi solta depois ter a fiança paga por Edgar Nixon, presidente da NAACP.
A prisão de Rosa motivou um grande protesto que resultou num boicote aos autocarros urbanos. Os trabalhadores negros e os simpatizantes da causa passaram a caminhar os quilómetros para o trabalho, causando grande prejuízo para as empresas.
Os protestos tiveram o apoio de várias personalidades que se identificavam com o movimento, entre eles, Martin Luther King, que era pastor na cidade de Montgomery e a cantora gospel Mahalia Jackson, que realizou uma série de espetáculos para ajudar os activistas que estavam presos.
O movimento contra a segregação durou 381 dias e só terminou a 13 de Novembro de 1956, após o Supremo Tribunal declarar inconstitucionais as leis de segregação. Foi um marco histórico por ter sido o primeiro movimento contra a segregação que saiu vitorioso.
Em 21 de Dezembro de 1956, Martin Luther King e Glen Smiley, sacerdote branco, entraram juntos num autocarro e ocupam os primeiros lugares. Rosa Parks foi reconhecida nacionalmente como a “mãe do moderno movimento dos direitos civis”.
A vida não lhe foi fácil, pois ser negra, mulher e revolucionária só lhe acarretou problemas e aborrecimentos. Foi despedida e sentiu na pele o desemprego, a injustiça e a falta de empatia bem como a dura luta pela sobrevivência.
A sua postura obrigou-a a mudar de cidade e procurar trabalho, o que não foi fácil, pois, até mesmo as cidades mais “desenvolvidas”, continuavam a a olhar para os negros com desconfiança. Faleceu em Detroit no dia 24 de Outubro de 2005, muito velhinha e depois de ter passado por várias doenças mentais, mas sempre com a memória de que tinha feito algo de útil para muitos.