“Os terroristas são traidores de sua fé, e tentam, na prática, tomar indevidamente o controlo do Islão. Os inimigos dos EUA não são os nossos muitos amigos muçulmanos; não são os nossos muitos amigos árabes. Nosso inimigo é uma rede radical de terroristas e todos os governos que a apoiam. (…) Nossa guerra contra o terrorismo começa com a Al Qaeda, mas não se encerrará com ela. Não terminará até que todos os grupos terroristas de alcance mundial tenham sido identificados, detidos e derrotados “. Foi desta forma que George W. Bush definiu os terroristas, no discurso que fez após os ataques de 11 de Setembro de 2001. A radicalidade e o extremismo são as características que definem um terrorista, levando muitos a questionarem-se se haverá algum grau de loucura aliada aos actos cometidos por estes indivíduos.
Segundo o Dr. Ariel Merari, psicólogo israelita da Universidade de Telavive, que durante cerca de 18 anos analisou a mente de cada terrorista suicida no Médio Oriente, a relação entre a loucura e o terrorismo não é tão linear como o senso comum quer fazer parecer. “Eu não conheço um único caso de terrorista suicida que seja realmente psicótico. A única anormalidade no perfil psicológico do terrorista suicida parece ser uma falta de medo na hora do ataque […] Eles têm ideais e agem em função dos mesmos.” Mais do que associar o terrorismo a uma doença ou distúrbio psicológico, o terrorismo é uma questão de natureza social.
Tradicionalmente pessoas introvertidas, tímidas e com uma baixa auto-estima, a capacidade de sedução e manipulação por parte dos grupos que “educam” indivíduos a serem terroristas são as bases que formam uma mente terrorista. Para se contrariar o instinto mais básico do ser humano de lutar pela vida, estes grupos recorrem a técnicas sofisticadas de condicionamento e lavagem cerebral que destroem o conceito do certo e o errado sendo todos os actos justificando pela causa maior.
Entre terroristas, o sentido de pertença, de família e de integração num grupo que os aceite como tal assumem uma importância extrema, pois mais do que uma questão psíquica, a adesão total a uma causa, a uma crença não só lhes dá o reconhecimento e notoriedade pública entre a sociedade civil e familiares como lhe confere uma aura de imortalidade, enfatizada pela glorificação feita aos “mártires”.
Para este processo ser bem-sucedido, o papel da ideologia, fortemente enraizada no subconsciente, desempenha uma função determinante capaz de produzir comportamentos verdadeiramente arrepiantes, ainda mais quando o procedimento de socialização se inicia na infância. Os casos de exércitos compostos por crianças multiplicam-se em países onde a própria estrutura política incentiva ao recrutamento infantil, facilitando os mecanismos de manipulação.
Assim, aquilo que torna possível a subversão de uma mente para cometer actos violentos está intimamente ligada à natureza social. A acção que determinado grupo exerce nos processos educativos e de socialização de um indivíduo, independentemente da sua religião, posição social ou económica, delimita e influencia sobremaneira a sua visão do mundo. Ninguém se faz terrorista por um distúrbio mental ou por uma questão genética, um terrorista só surge quando o contexto social o produz.