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Promoção de emprego, emprego em promoção ou emprego despromovido?! (1/2)

A política económica, se assim lisonjeiramente se pode chamar, “conduzida” pelo governo pode ter qualquer das interpretações presentes no título no que concerne o emprego. Ora bem, o que é que se depreende “do-que-quer-que-eles-andam-a-fazer”? A fomentar a criação de emprego? A colocarem a preço de saldo o emprego? Ou será que o emprego nem sequer é uma prioridade, considerando os “conselhos” do primeiro-ministro, entre outros, para os Portugueses emigrarem?! Ou todas as anteriores? Eu sinceramente não sei, mas desconfio que o executivo governamental também não saiba…

Primeiro um ponto de situação:

A crise financeira que rebenta na banca e que teve como causa principal o seu apetite voraz pelo risco vem expor a falta de aptidão das autoridades governamentais, além da cumplicidade algo irresponsável das monetárias, em lidar com assuntos do foro económico-financeiro. Talvez por uma questão de doutrina ideológica, mas também por não entenderem esse “universo,” sempre confiaram na argúcia e na “iluminação” dos banqueiros e da sua entourage: “vamos deixá-los em paz, porque, apesar de nos parecer que estão a fazer 30 por uma linha isso tem-se revelado francamente positivo para o crescimento económico”, terão pensado os governantes em meados da década anterior. Afinal, com a economia a “bombar” os burocratas podiam dirigir as suas energias para outros afazeres.

O problema é que a banca, em sentido estrito, e os demais participantes do sistema financeiro, em termos abrangentes, tinham plantado os ovinhos da sua apólice de seguro no âmago da sociedade civil. Para nosso desfortúnio só nos apercebemos que haviam eclodido, quando se deram a conhecer ao mundo os buracos negros que viriam sorver quantidades colossais de dinheiro (liquidez). Como quando se revelaram já eram enormes – falavam e tudo: too big to fail, too big to fail! –, houve que alimentá-los um bom pedaço até acalmar a sua ânsia pela sucção de meios financeiros.

Depois disso, entre tentativas atabalhoadas de reequilibrar o sistema financeiro – que para já aparentam ter tido sucesso – outro problema surgiu: uma crise económica global, mas com particular incidência no mundo “ocidentalizado” onde a banca assumia maior proeminência. A malfadada crise que se pensava ser conjuntural afinal assumiu contornos mais impactantes: falhanço dum modelo de crescimento económico, alavancado na astúcia e na criatividade do sector financeiro. Apesar do googol de tirinhas de papel impressas – notas bancárias – para tentar estimular o crescimento económico e/ou embaratecer o acesso ao crédito, para mascarar debilidades estruturais – ainda que se tenha evitado, de momento, uma situação calamitosa – os gestores/burocratas espalhados por esse mundo ocidental fora, dos quais os governantes serão espécimes também, tiveram de pôr mãos à obra e mostrar algum serviço de forma a justificar o seu estatuto e as suas regalias.

As equipas de gestão que souberam dar a volta à conjuntura adversa, certamente ainda estarão em efectividade de funções – ou talvez não pelo desgaste incorrido. As que não demonstraram tanto desembaraço, ou talento para enfrentar águas tão revoltas, ou foram substituídas, ou afundaram-se com os seus navios. Depois temos os executivos dos estados soberanos – os “governos”…

Esses cujas aptidões para conduzir a política económica já eram bastante questionáveis e que, durante a prosperidade – ilusória – que se viveu nos primeiros anos do novo milénio, mais não fizeram que navegar a torrente de liquidez que parecia inesgotável. De repente, viram a sua agenda passar de cortar fitas e de ser figura de cartaz de campanhas eleitorais animadas, para terem de assumir as despesas – literalmente – do quasi colapso da banca e do terramoto que abalou (diria mais, fez ruir) os alicerces em que assentava esse modelo económico viciado (em financiamento barato e acessível) de qualquer país ocidental.

Concentremo-nos na realidade nacional. Sem saber o que fazer, depois de ter esgotado o talonário de cheques para resgatar – acima de tudo a banca – e obrigado a pôr as contas em dia – porque fiado ninguém dá para sempre e muito menos os credores/investidores internacionais – o governo tratou de açambarcar – testando os limites legais – o que houvesse de rendimento disponível aos particulares – sobretudo àqueles com vínculo à economia formal.

Claro que, quando uma economia tantas vezes associada a hábitos “burgueses”, que se sustentava deste estilo de vida relaxado e hedonista, é alvo duma acção tão implacável da “polícia de costumes,” o resultado não podia ser positivo. Aos “enormes” aumentos de impostos, servidos com uma escalada de prepotência e fiscalizações intimidantes por parte do Estado seguiu-se uma avalanche de falências, incumprimentos, receios quanto ao futuro e desemprego. Como os executivos “governamentais” recentes não revelam aptidão para conduzir a política económica nacional, porque:

  • revelam lacunas graves no conhecimento das dinâmicas macroeconómicas como fica patente no comportamento seguidista dos manuais do FMI;
  • não demonstram criatividade, nem proactividade em abordar de maneira menos ortodoxa os problemas estruturais que o país enfrenta;
  • evidenciam uma falta de assertividade e de coragem gritantes em dissonar da troika na hora de propor medidas de correcção estrutural para Portugal;
  • se limitam a negociar com a troika prazos e metas para o défice fiscal;
  • se excedem na incompetência de gerir as expectativas dos agentes económicos e na comunicação das suas políticas;
  • entre outras,

esta tendência deu corpo a uma espiral recessiva, cujos limites estão ainda a ser irresponsável e displicentemente testados*.

Ora, com todas estas punhaladas é de espantar a resiliência da nossa economia, que não só tem de sobreviver a uma conjuntura global adversa, como também às investidas furtivas do “governo” à riqueza que vai gerando. E para quê?! Para colmatar a gestão desastrosa das finanças públicas e outros desmandos…

(continua…)

*Faça-se notar que o crescimento económico de que se fala possa vir a ocorrer – na casa das migalhas decimais – comparado com o trambolhão verificado na criação de riqueza em Portugal, no período pré-crise financeira. O mesmo é dizer que, como a base considerada é sempre o ano (ou período homólogo) anterior – sempre mais baixa que a precedente –, não é de embandeirar em arco os pozinhos acrescentados ao PIB. Com efeito, se movermos o termo de comparação para 2007, ou 2008 rapidamente verificamos que só num submarino é que conseguimos respirar.
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