Educar dá trabalho!
Se não der, é que não ficou bem feito. E o que dá mais trabalho é a gestão de todas as emoções envolvidas, as nossas e as dos nossos descendentes.
É que não somos só mães e pais. Somos sentimentos, pensamentos, profissão, somos homens e mulheres que viveram antes de sermos pais e mães, somos sonhos à espera de se realizar, projectos e realizações com medos a querer acordar. Somos humanos, responsáveis por vidas pequenas, desejando fazer o melhor para vê-los crescer em equilíbrio e com a consciência do mundo que os rodeia.
E é aqui que entra o livro “ Educar com Mindfulness” escrito por Mikaela Ovén. Importa dizer que o Mindfulness é estar consciente. Não é coisa de 5 ou 10 minutos por dia e já está. Podemos começar com 5 minutos de consciência nas nossas vidas é verdade, mas porquê apenas 5 minutos se podemos estar conscientes por muito mais? É bom para começar, mas o objectivo é ir progredindo aos poucos até chegar ao que realmente é: Um estilo de vida.
Mindfulness é viver no momento, estar plenamente atento ao Aqui e ao Agora. É aproveitar e vivenciar cada segundo, é viver em vez de sobreviver. E educar com base nisso é estar atento a todos os momentos que passamos com os nossos filhos, é saber quem eles são e quem somos, quais as necessidades que precisamos de alimentar, como os devemos orientar. É abrir consciências dos valores que lhes passamos e usufruir de uma vida preenchida.
Neste livro (que se concentra nas crianças até aos 12 anos – existe outro para os adolescente), Mikaela demonstra que é possível os pais serem um bom exemplo para os filhos no que se refere aos valores a adquirir. Com a prática diária de Mindfulness (com exemplos detalhados no livro), podemos orientar as nossas crianças para serem adultos que tratam todos (e a si próprios) com igual valor, com respeito pela sua integridade sendo autênticos consigo próprios. O que resulta no ganho da responsabilidade pessoal – que hoje em dia se fala pouco em prol da responsabilidade social (também importante) – pois, o objectivo é que as crianças se tornem em adultos que assumam a total responsabilidade do seu próprio bem-estar (físico e mental), sem atribuir a “culpa” a vidas alheias.
É um livro para se ir lendo – e reler quantas vezes necessárias. Podia muito bem ser um manual pois mostra-nos que enquanto pais é necessário reflectirmos e nos dar tempo a implementar as mudanças que achamos necessárias e que para isso acontecer temos que estar mais atentos às nossas necessidades e às dos nossos filhos. Recomenda-nos a melhorar a comunicação familiar e a dar aos nossos filhos as ferramentas suficientes para que se sintam importantes e consequentemente tenham uma boa auto-estima e ainda relembra que existe uma grande diferença entre receber informação e integrar essa informação em nós.
Este guia tira-nos o chão às certezas que temos, às verdades que criamos e aos pré-julgamentos que fazemos quer de nos próprios, quer dos nossos filhos. Propõe estratégias e dicas para superar os desafios que nos são colocados diariamente pelas nossas crianças. Sugere que listemos objectivos/intenções de parentalidade para que sempre que nos percamos do caminho tenhamos a capacidade de nos reencontrar e voltar aonde queremos estar, quantas vezes forem necessárias.
Dizem que é preciso uma aldeia para criar uma criança, quanto a mim nós pais, e especialmente nos dias em que decorrem, temos que representar essa aldeia e abrirmos o mundo para que as nossas crianças possam voar.