Jesus Cristo: Mito ou Realidade

Para mais de dois mil de milhões de cristãos em todo o mundo, é inquestionável: toda a adoração gira em torno do filho de Deus, personagem principal cuja vida e obra é relatada na Bíblia, a Sagrada Escritura, o livro que é fonte de inspiração para o católico e influencia toda a vida do verdadeiro cristão: Jesus Cristo.

Segundo a Bíblia, Jesus Cristo é filho de Maria, uma jovem virgem de Nazaré, e foi concebido “sem pecado”, por obra e graça do Espírito Santo. Nasceu num estábulo em Belém, onde Maria chegou montada num burro conduzido pelo pai “adotivo”, o carpinteiro José.

Desde o episódio do nascimento, que não se sabe em que data ocorreu, mas que comemoramos a 25 de dezembro de cada ano, até chegar aos 30, pouca informação a Bíblia nos dá. É a partir dessa idade que começa a destacar-se como um grande orador, cura doentes, resiste a tentações durante 40 dias e 40 noites, acalma tempestades, ressuscita mortos, exorciza demónios, transforma água em vinho, ganhando cada vez mais admiradores e juntando em seu redor cada vez mais seguidores, entre os quais os seus doze discípulos. E Maria Madalena.

Como todas as grandes personalidades, Jesus Cristo, uma das maiores da história da Humanidade, também ele não é consensual.

Desde estudiosos, cientistas, investigadores, historiadores, a escritores, realizadores de cinema, muitos sugerem que a Bíblia é apenas um livro de ficção, ou o resultado da recolha de histórias passadas oralmente de geração em geração já depois da morte de Jesus. Sim, o Novo Testamento, nomeadamente os evangelhos dos discípulos Mateus, Marcos, Lucas e João foram escritos entre 50 e 150 anos após a morte de Jesus Cristo. E como bem diz o povo “quem conta um conto…”

Também a própria existência de Jesus como profeta, fazedor de milagres, é posta em causa. Para uns, foi alguém que, sem saber ler, nem escrever, tinha o dom da palavra, um “publicitário” que vendeu bem a sua imagem, ou, ainda, para outros, apenas um homem normal, um vulgar pedreiro, segundo alguns, casado e com filhos.

Sim, segundo descobertas recentes, obviamente nunca assumidas como verdadeiras pelo Vaticano, um papiro egípcio parece fazer referência a Maria Madalena como mulher de Jesus Cristo. Existem também teses de que terão sido pais de duas crianças, uma menina chamada Sara e um menino chamado Tiago.

Já no “Evangelho de Maria”, do século II, não oficialmente reconhecido pela Igreja, Maria Madalena aparece referida como mulher de Jesus. Nos “Evangelhos Gnósticos” do mesmo século, supostamente escrito pelos primeiros cristãos, ela é descrita como companheira de Jesus.

Maria Madalena, de nome apenas Maria, dado que na época não eram usados nomes como apelidos, sendo originária da cidade de Magdala, foi “apelidada” de Madalena e foi supostamente a primeira seguidora feminina de Jesus.

Sendo, por vezes, apresentada como uma prostituta prestes a ser lapidada (apedrejada até à morte) e salva por Jesus com a célebre frase “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”, existem também versões que dizem que quando se cruzou nos caminhos de Jesus e dos discípulos, fugia de um casamento em que era vítima de violência conjugal, passando a fazer parte do círculo mais restrito e influente de Jesus.

Todos nós já vimos pelo menos uma vez um dos muitos filmes sobre a vida e obra de Jesus Cristo, uns mais respeitadores e crentes, outros mais céticos questionando a veracidade de tudo o que nos é relatado na Bíblia.

Um dos mais recentes – não falo do “hot Jesus” protagonizado pelo muito aplaudido Diogo Morgado que segue a versão católica da história – é o baseado no livro de Dan Brown com o mesmo nome Código Da Vinci, que aborda a questão da linha genealógica dos possíveis descendentes diretos de Jesus Cristo.

Jesus existiu, existe ou existirá? A verdade? Talvez nunca venhamos a saber.

Do critério de cada um, das suas convicções e da sua fé depende considerar Jesus Cristo mito ou realidade.

PS: Enquanto me estreio aqui como escriba, decorre há mais de uma semana, uma das mais sangrentas páginas da guerra entre Israel e a Palestina – Terra Santa, palco da suposta história de Jesus -, desencadeada por um surpreendente e inesperado ataque do Hamas às principais cidades de Israel e respetiva retaliação dos israelitas, ataques dos quais resultaram já elevado número de mortos civis, entre os quais mulheres e mesmo crianças de muito tenra idade.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico
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Comments 4
  1. Adorei a iniciativa e o texto. Não fazia a mais pálida ideia que eras tão dotado. Continua. Fico a aguardar a saída do teu livro.
    Abraço amigo

  2. Parabéns Raul!
    Que seja o primeiro de muitos.
    Estou a espera do livro, faço questão que seja autografado.
    Todo sucesso a ti e a revista.

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