Perigo: Lixo em órbita

A sede do Homem em descortinar os segredos do Universo foi tanta que acabou por criar no espaço uma sucata. É o resultado dos milhares de objectos que têm sido depositados desde o primeiro satélite artificial Sputnik 1. Cenário esse, que com o passar do tempo tem vindo a agravar-se aumentando o risco de colisões. O que é irónico. Sabendo nós da crescente vontade do ser humano em colonizar novos mundos. Com todo esse empenho pode-se estar a condenar a si próprio a nunca sair do planeta Terra.

Até pode parecer exagero, mas a própria Comunidade Científica tem alertado para os perigos do lixo espacial. Há quem diga que a continuar assim, a encher a nossa órbita de “entulheira”, as probabilidades de enviar num futuro muito próximo uma nave sem chocar com os restos de outro  engenho, serão muito reduzidas. Aliás, poderá até nem ser assim num futuro tão próximo, já que um relatório de 2012 da Agência Aeroespacial Norte-Americana (NASA) dá conta que chegamos a um “ponto de viragem”. “Perdemos o controlo do meio ambiente”, afirma o cientista Donald Kessler, autor do relatório. Em risco estão acidentes que podem originar prejuízos de milhões, é o caso dos operadores de satélites e das redes de GPS e telecomunicações.

Sobre as nossas cabeças vagueiam objectos como restos de foguetes, satélites antigos, chaves de fendas esquecidas pelos astronautas e até pequenas placas de pintura que se desprenderam da carcaça de um transportador. Entre os materiais mais perigosos abandonados encontram-se 32 reactores nucleares não-operacionais. Ao todo calcula-se que haja 370 mil pedaços de lixo a flutuar em torno do nosso planeta, 23 mil dos quais, com mais de 10 centímetros – segundo estimativas da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA). Pensa-se até que se a actual densidade de detritos se mantiver, haverá uma colisão em órbita a cada cinco anos.

Não é de admirar, por isso, que actualmente, em média, a cada ano seja necessário fazer uma manobra para evitar uma potencial colisão e a cada semana uma dúzia de objectos se aproximem a menos de 2 km de um satélite. Apesar de não representarem perigo para a Terra, tornam-se muito perigosos para as viagens espaciais, uma vez que vagueiam a alta velocidade. Mesmo que os lançamentos parassem neste momento, o número de detritos no espaço continuaria a crescer devido ao “efeito Kessler”. Uma das soluções encontradas é colocar os satélites desactivados em vias especiais, onde acabam por se desintegrar na alta atmosfera sem causar danos.

Atentos a esta realidade, cientistas suíços pretendem enviar em 2018 o CleanSpace One, um satélite no valor de 12 milhões de euros com tentáculos flexíveis capazes de varrer com os milhares de pedaços de satélites e de foguetes que rodeiam a nossa órbita a velocidades de mais de 28 mil km/hora.

“Não podemos democratizar o acesso ao espaço sem ter uma atitude responsável”, afirma Pascal Jaussi, director executivo da Swiss Space Systems (S3). “Se não lidarmos com o problema do lixo espacial em órbita e a sua acumulação, o acesso ao espaço pelas gerações futuras estará comprometido.”

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