Adoro mistérios e a sinopse deste livro era demasiado intrigante para conseguir ignorar. Um livro sobre a morte, sobre as várias formas de perda, sobre recomeços. Sobre a vida, essencialmente.
“Se pudesse deixar uma carta a despedir-se de quem mais ama… o que escreveria?”
Tanto nos passa pela cabeça ao ler esta frase, não é? Pelo menos a mim passou. E eu gosto de livros que também nos fazem questionar, que nos fazem pensar, que nos levam, por vezes, a sentir desconfortáveis com aquela história e aquelas palavras – porque também já as sentimos na nossa vida, secretamente, e o livro, de repente, é um espelho. E o que mais me marcou nesta leitura foi sentir como era complicado gerir as emoções em algumas das passagens deste livro, por muitos motivos.
Um deles, a morte. Mais do que a morte no geral, o fim de uma vida em particular. A autora nem precisava descrever a morte dos personagens (preparem-se, que há algumas) para nos deixar inquietos. As cartas que vão populando todo o livro são suficientes para sentirmos a profunda tristeza que é perder uma vida, uma vida com arrependimentos, com segredos, com alegrias, com momentos de chorar de felicidade e de arrancar cabelos de tristeza, uma vida com pessoas importantes que ficam para trás.
Outro, o romance. Não costumo gostar de livros românticos, mas dei por mim a gostar muito do casal principal, Stella e Vincent. Gostei principalmente do facto de serem imperfeitos, de estarem quebrados por dentro e magoados um com o outro, mas a lutar. Gosto de lutadores e gosto de imperfeições. Também dei por mim (muito envergonhada, confesso!) a sentir de novo o borbulhar agradável daqueles primeiros momentos de paixão, a imaginar-me naquele lugar, a ler entre as entrelinhas. A emocionar-me com romance, vejam só!
E, last but not least, as várias formas de perda. Não só a perda por morte, mas o luto por uma vida que se transformou, por memórias que afinal eram falsas, por mentiras que tomam conta da nossa vida, por segredos bons e maus, pelos nossos “eus” passados que tivemos que deixar para trás ao mudarmos, mesmo sem querer. Desistir para ser melhores. Desistir, para saber lutar. E isto é comum a todos os personagens, de uma forma ou de outra, deixando coisas boas e más para trás, transformando-se sempre em melhores.
Gostei muito de todas as personagens. Stella parece ser a principal, mas todas acabam por ser muito relevantes e importantes. Muito boas personagens, o que nem sempre é fácil de criar – conseguiram sair do papel e tornarem-se pessoas reais. Algumas espelhos, até. Gostei muito da história, das “lições” que vamos lendo e, claro, adorei que um dos elos de ligação entre as histórias fosse um gato preto, que parecia “transformar-se” para colmatar as necessidades de cada um dos personagens e, ele próprio, ser vários personagens num só.
Obrigada, Topseller e 20|20, por esta montanha-russa de emoções.