Está praticamente sozinha à frente da União Europeia, impõe a sua determinação, deixa uma Europa expectante e a sua influência é imperiosa. Mestre na cortina política e flamejante no plano económico e financeiro.
As estatísticas do passado ano, segundo o Instituto Federal de Estatística, apontavam para um crescimento, desde 2009 até ao primeiro trimestre de 2012, de cerca de 7%, cenário que reverteu, contrariando as previsões do governo de Angela Merkel.
A Alemanha teve sempre a sua imagem associada ao fabrico dos automóveis, às máquinas de alta qualidade e não é só isso que faz deste país o gigante que tantos consideram. Embora tenha o papel de ‘avançado’ perante um adversário poderoso (crise económica), não é só da Alemanha que depende a salvação do Euro, antes pelo contrário, depende das sinergias entre os países e dos esforços conjuntos.
A hegemonia que tanto é afamada, ou a dita supremacia alemã, teve a sua génese sobretudo sobre a união monetária. Embora os alemães tenham renunciado alguns dos altos cargos da União Europeia, foi desde sempre forte no plano económico.
Embora as estatísticas evidenciem um cenário económico e financeiro não muito positivo para a Alemanha, cerca de dois terços dos nativos garantem ainda não ter sentido o efeito directo da crise do euro, uma vez que a oferta e procura têm estado equilibradas na balança.
A Alemanha tornou-se particularmente forte do ponto de vista externo, sendo que o contrário, a nível interno, não se passou do mesmo modo. Enquanto o futuro do Euro é discutido, os alemães debatem-se com uma outra crise, disputada pelo governo e pelo parlamento.
Apesar de se ter tornado um pilar essencial no seio da comunidade Europeia, a Alemanha tem de desbravar terra para poder ver um pouco mais de luz ao fundo do túnel. A hegemonia significa isto mesmo, assumir os compromissos para que os tempos sejam de maior glória, mas o que está a acontecer é uma tremenda letargia alemã que tem desagradado os países da União Europeia.
Existe quase que uma obrigatoriedade de os países esperarem pelas decisões do governo alemão, que não tem conseguido gerir o compromisso entre a eficácia e a democracia. São meticulosos demais e é isso que tem colidido com a capacidade de tomada de decisões.
Mas vamos a outros dados que têm permitido também alguma dor de cabeça ao governo alemão. A economia cresceu apenas 0,7% em 2012, retraindo 0,5% no último trimestre do ano, dados que contrariam a previsão de crescimento de mais 0,9%. Embora as previsões tenham sido falhadas, o cenário é-lhes muito mais risonho do que para os restantes países. A subida do índice de confiança dos empresários fez com que algumas das previsões do banco central Bundesbank fosse de um crescimento de 0,5% na economia alemã. Porém, consoante as medidas implementadas por Merkel, o efeito pode ou não ser devastador para a economia.
Os novos projectos do governo estão sobretudo no aumento de impostos, nos cortes de seis mil milhões de euros no sector público o que faz com que tanto o consumo como os salários caiam abruptamente. A chanceler alemã quer, a todo o custo, atingir aquilo a que chama o défice zero.
A actividade económica alemã está debilitada e essa é uma realidade. As exportações, em 2011, cresceram apenas 4,1% contra 7,1% no mesmo período homólogo. A hegemonia alemã tem sido fabricada na mente dos europeus que vêem na figura da chanceler o rosto da salvação do Euro. Apesar de ter sido uma economia forte e de ainda se sobrepor a muitos países da União Europeia, a Alemanha também tem sofrido com a crise da Eurozona e já não é potência que tantos julgavam ser.