Arrancámos da Guia numa manhã de Setembro, 125 fora cruzando o Sotavento e a ponte sobre o Guadiana para, já em Espanha, deslizar sobre uma autoestrada sem portagem até Sevilha,
Muito calor enquanto procurávamos o hostel junto à muralha, ciclovias assassinas na altura em que a praga ainda não havia tomado Lisboa de assalto, e ia atropelando um desses velocípedes que se advogam no direito de não parar num sinal vermelho, até mesmo quando a consequência é marrar contra um automóvel (ao que chegámos!).
Lá estacionámos para não voltar a mexer no carro até ao dia seguinte, o da partida, e depois de assentar arraiais, descemos até ao centro: a Plaza de España e a influência muçulmana a lembrarem a beleza histórica que o Sul me oferece de cada vez que o visito, terra barrenta, cor de tijolo e a brancura de açoteias, assim poderia eu resumir este sentimento que tanto me arranca à realidade.
Muitos turistas pululavam pelas ruas, e nós como eles, a t-shirt colada ao corpo e litro e meio de água gelada comprada junto ao jardim das caleches, para matar a sede e baixar a temperatura.
Um temporal tomou conta do que restava do dia, um fenómeno que amiúde nos visita nos Verões do sul. Deu cor à nossa viagem. Ao cair do dia, já moídos, comemos qualquer coisa junto ao hostel e recolhemos.
No dia seguinte, esperava-nos o Alcázar, majestoso e curioso, mesclando diversas culturas que foram fazendo a história da cidade através dos séculos. A Sofia fez gosto em me mostrar o monumento (ou o conjunto de monumentos) e havia acertadamente marcado a visita para a primeira hora da manhã, antes do calor e dos enxames de máquinas fotográficas tomarem conta da tranquilidade adormecida das primeiras horas.
De seguida visitámos a catedral e a Giralda, antes de regressarmos ao carro e voltarmos ao Algarve, com paragem em Ayamonte para recordar os Verões da infância em Vila Real de Santo António.
Sevilha é uma cidade que merece uma segunda visita, com mais calma e frescura. O Sul da Ibéria (como o Norte de África) tem este condão de me remeter para outra época, uma época desconhecida, mas ainda assim fascinante. Dos lugares que visitei, Sevilha foi um dos maiores marcos deste legado.