Quantas chaves tem o armário?

Entrou em casa e a mãe, doente no sofá da sala, sorriu-lhe. Depois, seguiram-se duas horas de lágrimas. Mãe e filho não se viam há seis meses.

António Silva saíra de casa no dia em que assumiu que o amigo João era mais do que um amigo. Continuar a viver com os pais, depois da revelação, “ia ser um fardo demasiado grande” para quem o criou, explica. Por isso, deixou a sua vila natal e partiu rumo à cidade onde estudava, sem perspetiva de regresso.

Em Figueiró dos Vinhos, no interior do país, era o rapaz que tinha desiludido os pais. Mas, nas Caldas da Rainha, uma cidade com cerca de 15 vezes mais habitantes, continuava só a ser o que sempre tinha sido. Com a diferença de que “não havia filtros”.

António Silva, 24 anos, pertence à comunidade LGBTI – a sigla que designa as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexo. Contudo, há quem queira alargar o rótulo e lhe chame “bicha”. António não nega que o é. Vai até mais longe e afirma que ser bicha é um traço forte da sua personalidade. “Lutei tanto tempo para me afirmar como gay que agora não vou escondê-lo”, argumenta.

No entanto, esta coragem de estar fora do armário não é transversal a todas as pessoas LGBTI. Um inquérito europeu, conduzido pela Agência Europeia de Direitos Fundamentais (FRA), mostra que, em Portugal, 57% das pessoas “evitam frequentemente ou sempre andar na rua de mãos dadas com a/o parceira/o do mesmo sexo”. Os dados, que a associação ILGA Portugal (Intervenção LGBTI) explica em comunicado à agência Lusa, denunciam também que o país está abaixo da média europeia, no que diz respeito ao à-vontade para assumir a orientação sexual, diante da entidade empregadora e da família.

Para António, o problema foi sempre esse: “as repercussões que o ato de assumir a homossexualidade iria trazer para a família”. Os casos conhecidos de famílias que “sofreram à conta de um filho se assumir eram muitos”. Além disso, “só se sabiam de três ou quatro casos de pessoas homossexuais, na vila” – o que era muito pouco. E isso pesou para que o processo de sair do armário fosse “muito lento”.

Legenda: António Silva (à direita) e o noivo João | Créditos: João Gonzallez

Pelo contrário, Margarida Almeida, 27 anos e natural de Cascais, nunca sentiu “opressão nem medo”, em relação à sua orientação sexual. Assegura, até, que “ter crescido na cidade fez muita diferença porque, lá, ser gay era normal, não era bicho-papão”. Assim, não hesita ao resumir, em quatro palavras, a teoria que explica a discrepância entre a sua experiência e a de António: “Quando és, permites ser.” Ou, por outras palavras, quando Margarida se assumiu, “toda a gente que conhecia tinha um amigo que era gay ou bissexual”.

Quando és, permites ser. Margarida Almeida

Foi aos 19 anos que percebeu que gostava um pouco mais de uma amiga. Contou-lhe e a resposta chegou no momento: “É uma honra porque gosto imenso da pessoa que és, mas o sentimento não é correspondido. Obrigada por te assumires porque não deve ser fácil.”

Em casa, mesmo antes deste episódio “apaziguador”, adensavam-se as discussões com os pais, que “não aceitavam bem” a ideia de homossexualidade. Isto, até ao dia em que uma das melhores amigas de Margarida se assumiu e a mãe, que era “fã dessa amiga, começou, aos poucos, a mudar a forma como olhava para o assunto”. E se tivesse sido Margarida a assumir-se primeiro? A mãe “teria rejeitado a ideia”, acredita.

As estatísticas dão força a esta probabilidade. Segundo o Eurobarómetro de 2019 sobre discriminação na União Europeia, 42% dos portugueses iriam sentir-se desconfortáveis, caso o filho ou filha estivesse numa relação amorosa com alguém do mesmo sexo.

E é a pensar nestas mães e pais que Maria do Céu Correia Costa, antiga aluna da Universidade de Trás-os-Montes, está a desenvolver uma associação de apoio. O objetivo do núcleo, a ser implementado em Viseu, é partilhar informações sobre o dia-a-dia dos filhos e filhas LGBTI, para que os pais saibam como lidar com uma situação que nem sempre lhes parece normal.

Créditos: Daiga Ellaby

Quanto aos pais de António, “aprenderam a lidar com a revelação sozinhos”. Até hoje, o ator, que agora vive em Ourém, nunca falou diretamente com o pai em relação à sua homossexualidade. Nem com o sobrinho, que agora está no ensino secundário. Mas, quando o rapaz estiver pronto, António garante que também estará “pronto para responder a todas as perguntas”. Afinal de contas, não basta “uma pessoa assumir-se”. A própria comunidade gay tem de “agarrar a função de educar aqueles que lhe são próximos”, defende.

Foi, em parte, com essa missão em mente que Andreia Carvalho, a namorada de Margarida, levou o projeto Identidade às escolas de Vila Real. Estávamos em 2015 e a lei de adoção por casais gay ainda não tinha sido aprovada. O projeto pioneiro “causou estranheza, mas, aos pouquinhos, transformou as pessoas”. A partir das escolas.

Educar para aceitar (verdadeiramente)

Créditos: Tim Mossholder

Cada vez que Andreia Carvalho e as colegas do projeto Identidade começavam a falar sobre questões LGBTI, a reação da plateia do 11.º e do 12.º ano era a mesma: “os rapazes cruzavam logo os braços e as pernas, numa posição de macho bravo para dizerem que aceitavam, mas que não eram”, conta a ativista. Talvez porque, em alguns contextos, ainda se considera que “ser-se gay é um insulto”, aponta.

Segundo o último relatório do Observatório da Discriminação Contra Pessoas LGBTI, a escola é o espaço onde acontecem 13,5% das agressões contra pessoas gay. Quanto a quem mais discrimina, o grupo etário dos 15 aos 24 anos lidera a tabela, com os colegas a corresponderem a 9,63% dos autores. O pessoal docente e não docente tem uma quota-parte de 3,7%, na contagem final.

Esta matemática não surpreende Andreia. Nem António Silva. A primeira conta o caso de uma colega da comunidade LGBTI que, na universidade, era vítima de cânticos discriminatórios, durante a praxe. A discriminação chegou ao ponto “de algumas pessoas deixarem de ir a casa dessa rapariga, quando se assumiu”.

Já António recorda os tempos em que frequentava o segundo ciclo da escola. Nessa altura, chegou a assumir-se “para uma ou duas pessoas”. E foi aí que começou o “bullying psicológico, que só não chegou a físico, graças a uma grande base de amigos”. O resultado foi ter calado o assunto durante mais alguns anos.

Era como se estivesse sempre a sufocar. Andreia Carvalho

“É difícil alguém querer sair do armário, sabendo destas histórias (de discriminação)”, desabafa Andreia. Quando se assumiu, há 10 anos, pouco se falava do assunto e só havia uma pessoa assumidamente gay, na escola em que andava. Sem “grande background” para acolhê-la, a primeira vez que falou com alguém sobre a sua orientação sexual foi através do MSN, um antigo programa de mensagens instantâneas.

Até lá, e muito depois desse primeiro ato de coragem, sentia-se “como se estivesse sempre a sufocar”. Por isso, acredita que, caso um projeto como o Identidade tivesse chegado à sua escola, o sufoco teria sido substituído por “segurança”.

No colégio de freiras em que Margarida Almeida estudou até ao nono ano, a segurança não chegou sob a forma de um projeto estruturado. Ainda assim, abordou-se o tema, naquele ambiente católico. Margarida lembra-se bem das palavras leves ditas pela psicóloga: “Se sentirem atração por alguém do mesmo sexo, não precisam de ficar ansiosos ou nervosos.”

Créditos: Sharon McCutcheon

De forma a tranquilizar as novas “Margaridas, Andreias e Antónios”, a Associação Plano i tem ao dispor os primeiros kits educativos de combate ao bullying contra a comunidade LGBTI. Adaptados aos diferentes ciclos de estudos, desde a pré-escola até ao ensino secundário e profissional, os materiais incluem um manual de formação para os educadores, um jogo de tabuleiro e cartas ilustradas.

São passos dados, num cenário em que as denúncias de discriminação feitas pelas vítimas aumentaram 4%, em 2019. Nesse ano, deram entrada, no Observatório da Discriminação Contra Pessoas LGBTI, 171 queixas (48 crimes e 41 incidentes discriminatórios). As vítimas contribuíram em 43,27% para o registo destes valores, com as agressões verbais a serem o tipo de discriminação mais frequente.

Sobre este ponto, Andreia Carvalho alerta para o cuidado que é necessário ter ao usar certas expressões porque “nunca sabemos quem está ao nosso lado”. E exemplifica: “Usar a palavra ‘paneleiro’ na brincadeira, perante alguém que ainda está num processo de aceitação, pode levar a que essa pessoa retroceda.”

Créditos: Moren Hsu

Enquanto estudava, os colegas de António Silva chamavam-lhe “paneleiro”, com frequência. E, para facilitar o processo de aceitação, o rapaz procurou apoio psicológico, durante o ensino secundário. Mas, como o próprio refere, foi algo “meio clandestino”.

Às quartas-feiras à tarde, quando não tinha aulas, fugia para o gabinete da psicóloga e andava à volta do assunto. Um dia, escreveu tudo o que lhe queria contar e enviou a carta para o programa “Esquadrão do Amor”, do Canal Q. Avisou a psicóloga de que a mensagem seria transmitida, mas ela recusou-se a assistir porque não era António a falar diretamente com ela. A declaração final chegou no dia seguinte: “Só voltas a entrar no meu gabinete, quando fores capaz de me dizeres tudo na cara”, conta o jovem. Foi a última sessão que tiveram.

Sem apoio psicológico oficial na escola, António encontrou dificuldade em continuar o processo de acompanhamento na universidade. A solução foram os grupos de apoio online.

Créditos: Sharon McCutcheon

Em maio deste ano, o ex-deputado Miguel Vale de Almeida defendia, no jornal Observador, que ainda há muito trabalho a ser desenvolvido, em termos de formação nas escolas e apoio à comunidade LGBTI. Nessas declarações, a propósito da primeira década da lei do casamento homossexual, Miguel Vale de Almeida acrescentava que, apesar de tudo, a aprovação ajudou o país a aceitar melhor a homossexualidade.

No último Eurobarómetro, 57% dos portugueses afirmaram que estariam totalmente confortáveis com a hipótese de ter um Presidente da República gay, lésbica ou bissexual. Os dados somam-se aos 68% de população que consideraram, no inquérito da FRA, que houve uma baixa na intolerância contra pessoas LGBTI, entre 2012 e 2020.

Apesar de melhores, as coisas não estão um mar de rosas. Andreia Carvalho

Entre números e mais números, Andreia Carvalho afirma que, “apesar de melhores, as coisas não estão um mar de rosas”. Em 2015, por exemplo, o psicólogo de uma das escolas onde iria apresentar o projeto Identidade aconselhou o grupo de ativistas a não aparecer. “Nesta turma, há quem pense que gay é para matar”, disse-lhes.

Ainda assim, o projeto deu frutos noutras turmas, com os “os homossexuais a saírem mais às ruas de Vila Real e a estarem mais descontraídos”. E “só por isso já valeu a pena”, remata Andreia.

Mas a marcha pela não discriminação continua em Portugal e no mundo e, muitas vezes, é uma questão política.

Regressar ao passeio sem medo

Créditos: Bernardett Szabo, Reuters

Um rapaz segura uma garrafa de Coca-Cola. Por trás, outro abraça-o. Abaixo, pode ler-se: “Zero Açúcares Zero Preconceito”.

Sob a liderança do primeiro-ministro Viktor Orbán, a Hungria baniu este anúncio publicitário do país, em 2019. Foi para lá que Margarida Almeida e Andreia Carvalho viajaram, no início deste ano, pouco antes de a Europa ter ficado a braços com a pandemia do coronavírus.

Em Budapeste, capital da Hungria, Margarida e Andreia apresentaram-se sempre como duas amigas. Um homem até chegou a perguntar a Margarida se esta tinha deixado algum namorado em Portugal. E a resposta negativa demorou um pouco a chegar porque “não se sabia o que é que aquela pessoa podia estar a pensar”.

Andreia confessa que há países em que não se sente à-vontade. A Polónia, por exemplo, é um destino que nenhuma das duas raparigas tem vontade de visitar, em breve. Nos últimos meses, foram noticiadas várias detenções de ativistas LGBTI, no país. E algumas cidades polacas afirmaram-se como “zonas livres LGBTI”, o que causou controvérsia política, com o governo a negar que o país ofende os direitos daquela comunidade.

Cá em Portugal, a discussão em torno dos direitos das pessoas gay voltou a ganhar destaque nos últimos anos, com o partido Chega a propor a revogação do casamento homossexual. Numa entrevista a Manuel Luís Goucha, André Ventura, líder do partido, declarou que não era contra a homossexualidade, mas sim contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Pertencer à comunidade LGBTI em 2020 é mais normal do que se possa acreditar. António Silva

Em causa, está a ideia de que a lei atenta contra o sentido histórico do casamento. Margarida contesta a posição, recordando uma frase do seu manual de francês para defender que “é o contexto familiar que nos mostra o que é certo ou errado”: “Nenhuma criança nasce besta nem com preconceito.” E a namorada Andreia concorda, até porque já lidou de perto com a tolerância infantil.

A dada altura, foi a um jardim-de-infância apresentar um conto sobre o Dia do Pai. Na história, a protagonista tinha dois pais e ficava feliz por poder fazer duas prendas. Quando se pediu às crianças que ilustrassem a história, estas começaram a desenhar dois pais e uma menina, sem questionarem. “Pertencer à comunidade LGBTI em 2020 é mais normal do que se possa acreditar”, resume António, mesmo não conhecendo o episódio.

Créditos: Jakob Owens

Apesar deste modo de olhar o mundo, estar numa relação amorosa com alguém do mesmo sexo ainda é crime em 70 países pertencentes à Organização das Nações Unidas. Seis deles preveem pena de morte para atos sexuais entre homossexuais e nenhum se encontra na Europa. De acordo com o relatório da ILGA de 2019, é África que tem a maioria dos países (33) onde as relações homossexuais não são aceites legalmente. Ir à Argélia, por exemplo, onde vive o pai de Margarida, “é impensável” para ela e para a Andreia. A lei argelina proíbe a homossexualidade.

Créditos: ILGA

Não quer isto dizer que, em Portugal, o casal se sinta totalmente livre. No ano em que Andreia Carvalho fez parte da organização da primeira marcha LGBT de Vila Real, 2017, “os cartazes eram colados à noite e nunca só por uma pessoa”. Quando chegou a hora do evento, Andreia encabeçava os cerca de 300 participantes que se tinham juntado e confessa que lhe passou pela cabeça que, “caso aparecesse ali alguém com uma caçadeira, era a primeira a ir de vela”.

Contudo, chegaram ao destino, a praça do município, sem incidentes. A registar apenas “algumas bocas de quem estava no passeio”, “o show não programado de uma drag queen que deixou os velhotes embasbacados” e o facto de a marcha ter “ajudado outros a assumirem-se”.

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Primeira Marcha Pelos Direitos LGBT de Vila Real | Créditos: Ana Rita, Andreia Carvalho, Filomena Bessa e João Sousa

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Esta foi a primeira marcha do interior do país. Seguiram-se Bragança e Viseu nos anos seguintes porque, acredita Andreia, Vila Real mostrou às outras cidades que também era possível marchar pelos direitos LGBT nos seus espaços.

Mas até quando serão necessárias estas marchas? Inspirada pelo cântico da segunda marcha LGBT de Vila Real, que dizia “Sai do passeio e vem para o nosso meio”, a irmã de Andreia deu a resposta, no discurso de encerramento do evento: “Quando pudermos sair do meio da rua e voltar tranquilamente para o passeio, aí sim, podemos deixar de fazer as marchas.”

Hoje, Andreia Carvalho e Margarida Almeida partilham a casa e dizem que estão “bem”. Não escondem a relação “nem nas redes sociais”, mas quando se souber do caso na aldeia da avó de Margarida, no Alentejo, “vai ser um escândalo”. Para diminuir as potenciais reações negativas, a estratégia vai passar por dar primeiro a conhecer a Andreia àquela parte da família. “Se gostarem das pessoas, na cabeça delas, é só um amigo”, justifica Margarida.

Andreia Carvalho, Margarida Almeida e a gata Tsuki | Créditos: Andreia Carvalho e Margarida Almeida

Quanto a António Silva, agora volta a casa quando quer e sem receios. A irmã pergunta-lhe sempre se é preciso pôr um prato a mais para o noivo João. Mas, mesmo quando é, continuará sempre a faltar um lugar posto à mesa. A mãe de António morreu, vítima de cancro, poucos meses depois de o filho ter regressado a casa. Nesse dia, disse ao filho que nunca devia ter ido embora. “Ninguém te ia julgar que eu não deixava.”

Créditos Imagem de Destaque: Lars Leetaru
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