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O carisma das estrelas

Há atores que se recusam a aparecer em “maus” filmes ou tornam um filme medíocre num “bom” filme só com a graça da sua presença. Estas estrelas de cinema são tão carismáticas que mesmo que possam ter aparecido em dois ou três filmes de baixa cotação, são poderosas o suficiente para arrebatar os espectadores e levar os admiradores ao cinema, seja de que forma for.

Alguns dos filmes que conhecemos vivem ou morrem por causa dos atores envolvidos, dependendo da sua capacidade de atrair uma multidão e/ou uma boa crítica cinematográfica. No entanto, falamos aqui dos atores que não são um erro, que nunca desiludem e que tanta gente atraem ao cinema.

Há atores e atrizes que atuam de forma tão genial que o filme acaba por nos ser agradável apenas pelas suas interpretações. Parece óbvio que talento e técnica precisam de andar de mãos dadas para chegar a um resultado indiscutivelmente favorável. Segundo Edson Bueno, cinéfilo compulsivo, “atuar bem é fazer com que estejamos no cinema a ver imagens projetadas numa tela e acreditemos, sabe-se lá se por magia, que aquilo está mesmo a acontecer”. Esta sensação de verdade é subjetiva e pode variar de acordo com o espectador. Porém, o termo “magia” parece ajustar-se na perfeição, já que nos dias que correm, cada ator deve inventar uma memória emotiva da sua personagem, um histórico mínimo da vida daquele ser fictício com o qual ele próprio se possa relacionar, isto segundo a teoria de interpretação criada para o teatro pelo russo Constantin Stanislavski.

Assim, existem imensos atores que abraçam esta técnica e que, deste modo, não passam despercebidos aos amantes de cinema. Existem muitas outras razões que nos fazem avaliar um filme, mas, quando se ouve falar em certos nomes do mundo das artes, esquecemo-nos dos filmes que correram menos bem para tais intérpretes.

Meryl Streep é um exemplo flagrante desta realidade. “Por muito mau que seja o filme, se Meryl Streep entra, vale sempre a pena.” A atriz norte-americana nascida em 1949, em New Jersey, é considerada uma das mais talentosas intérpretes de sempre, tendo deslumbrado os cinéfilos pelo perfecionismo que empresta sempre à composição das suas personagens. A comprovar esta teoria estão as 20 nomeações para Óscar que recebeu ao longo da sua carreira. “Shophie’s Choice” (1982) valeu-lhe o Óscar de Melhor Atriz, onde interpretou o papel de uma mulher judia aprisionada num campo de concentração, que é obrigada pelos alemães a escolher qual dos seus dois filhos morrerá na câmara de gás. Para esta composição, o perfecionismo de Streep levou-a a estudar durante meses a língua polaca. No entanto, os seus desempenhos, desde então, continuaram (e continuam) a exalar um profundo dramatismo e fascínio. Descrita pelos media como “a melhor atriz da sua geração”, Streep é igualmente conhecida pela sua versatilidade e pela adaptação de sotaques. Exemplo desta polivalência é também a sua interpretação no filme “Mamma Mia!” (2008), onde venceu na categoria de Melhor Atriz nos National Movie Awards.

Meryl Streep em “Sophie’s Choice” | Fonte: IFC Entertainment

Tom Hanks é outro grande ator, considerado um dos intérpretes contemporâneos de maior talento, demostrando toda a sua versatilidade quer em papéis cómicos, quer em papéis mais dramáticos. Em1993, entrou na melhor fase da sua carreira ao interpretar o papel de um jovem advogado homossexual, desgastado progressivamente pela SIDA, que é marginalizado e excluído por todos em “Philadelphia” (1993). Venceu, por este desempenho, o Óscar de Melhor Ator e, no ano seguinte, voltou a vencer o mesmo galardão por “Forrest Gump” (1994), uma biografia sobre um jovem com um atraso mental que marca, involuntariamente, a sua presença nos momentos mais importantes da História Contemporânea dos EUA. Refira-se que, em 2012, os filmes de Hanks totalizaram mais de 4,2 biliões de dólares nas bilheteiras dos EUA e, em 2017, mais de 9 biliões em todo o mundo, o que fez dele um dos atores mais bem-sucedidos de todos os tempos.

Tom Hanks e Denzel Washington no filme “Philadelphia” | Fonte: Michael Ochs Archives/Getty Images

Contudo, se se pode falar na versatilidade das interpretações, também se deve realçar o brilhantismo alcançado por Christian Bale na adaptação às mais diversas personagens cinematográficas. Bale começou a chamar a atenção com a sua atuação no filme “Empire of the Sun” (1987), quando tinha 13 anos, mas ganhou destaque com a sua personagem em “American Psycho” (2000). O verdadeiro reconhecimento chegou ao interpretar a pele de Bruce Wayne/Batman na trilogia de Christopher Nolan. Mais do que a intensidade que emprega aos papéis que interpreta, Bale distingue-se pelas jornadas físicas e emocionais por que tem passado ao longo da sua carreira. No filme “The Machinist” (2004), demonstrou uma verdadeira transformação física ao emagrecer cerca de 28 quilos e colocando a sua própria vida em risco. Porém, nada abala este gigante do cinema, que ganhou, pouco tempo depois, 50 quilos de massa muscular para poder vestir a pele de Batman. O realizador Brad Anderson, que acompanha a evolução deste ator, considera que Bale “é daqueles atores que precisa de mergulhar de cabeça no papel. Ele torna-se aquela pessoa que está a interpretar”, sublinhou. É aquilo a que se chama de “method-acting”, uma técnica através da qual os atores tentam replicar na vida real emoções e comportamentos vividos pelos personagens desempenhados, numa tentativa de criar uma interpretação o mais realista possível.

Foto: Christian Bale em “The Dark Knight Rises” | Fonte: Warnerbros

Em suma, o que nos faz crer que certos filmes nunca correm mal com determinados atores é esta capacidade de nos fazer acreditar piamente nas personagens que interpretam, bem como o efeito de nos fazer sentir e viver o que estamos somente a ver.

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