Somos alertados praticamente todos os dias para a importância de poupar energia nas tarefas quotidianas. Lá bem no fundo, até já estamos cansados de ver tantas propagandas e folhetos a falarem sobre a preservação do Meio Ambiente. Mesmo assim, depois de termos lido e escutado o assunto quinhentas mil vezes, continuamos a não parar para pensar sobre a real importância de poupar no consumo eléctrico.
O preço a pagar
Provavelmente não sabes que o consumo de electricidade nos países em desenvolvimento está a crescer anualmente oito vezes mais, do que nos países considerados desenvolvidos. Este aumento deve-se à modernização da agricultura, ao crescimento das indústrias e ao aumento do poder de compra das populações. Todavia, este florescimento económico tem um preço alto a pagar – a construção de mais infra-estruturas.
Além de serem projectos altamente dispendiosos para os governos, são danosos para o Meio Ambiente. É o caso das hidreléctricas, que necessitam de enormes áreas para formar um grande lago. Na maioria dos casos, desequilibram ecossistemas e ocupam terras férteis. Em Portugal, existe um debate aceso em torno da construção da Barragem de Foz Tua, por ser considerada prejudicial à produção vinícola da região.
As usinas nucleares são outra opção altamente prejudicial à saúde do Planeta. Temos neste momento o exemplo do Japão que enfrenta uma grave crise nuclear, em consequência do terremoto de 2011.
Existem opções limpas, como o vento e o Sol, porém, ainda não conseguem atingir os mesmos níveis de produtividade que as restantes. Daí ser tão importante economizar na electricidade, pelo menos enquanto as fontes renováveis não forem mais eficazes.
Informar para economizar
Poupar no consumo de electricidade não é apenas benéfico ao Meio Ambiente, é também à nossa carteira. Os portugueses sabem bem disso, por culpa da grave crise económico-financeira que atravessam. Estima-se que a eletricidade, em Portugal, represente 15% dos custos de uma casa, sendo que na maioria dos casos, uma parte considerável, poderia ser evitada.
Se podem poupar mais, porque não o fazem? Provavelmente, porque as pessoas ainda não estão suficientemente consciencializadas desta problemática. A maioria de nós não tem noção de como consegue reduzir (e muito) os custos na luz, através de pequenas mudanças no dia-a-dia. Apagar as luzes sempre que se saí de uma divisão, não deixar os carregadores dos aparelhos electrónicos ligados, quando não estão a ser utilizados, optar por lâmpadas económicas, entre outras formas. Pequenos gestos que, além de serem favoráveis à nossa conta bancária, podem salvar o nosso Planeta de um fim precoce. Claro que também existem outros factores a ter em conta, como o conforto e a indiferença, mas a falta de informação continua a ser a que mais suscita preocupação.
Prova disso é o recente estudo promovido pela Energaia, intitulado por Energyprofiler. Das 1014 pessoas inquiridas, 86,7% colocam a motivação económica à frente da motivação ambiental para poupar no consumo da electricidade. A informação que recebem, segundo os entrevistados, é maioritariamente através da Comunicação Social e da Internet, mas não são as únicas conclusões. As camadas jovens (até os 25 anos) e em particular o segmento masculino são os que menos demonstram estar preocupados com esta temática. Um aspecto particularmente preocupante, se pensarmos que estas idades correspondem habitualmente ao fim dos estudos e ao início da vida activa.
Conscientes desta realidade, várias entidades têm vindo a promover campanhas de sensibilização, de forma a inverter o cenário. É o caso da Agência Municipal de Energia e Ambiente de Lisboa. Em Abril passado, decidiu desafiar 20 escolas do 1.º Ciclo a competirem entre si, com o objectivo de apurar qual delas consegue reduzir mais no consumo de electricidade, ao longo do presente ano lectivo (2014/2015). Existem mais exemplos e alguns até bem conhecidos. A Hora do Planeta, uma iniciativa da World Wide Fund for Nature, é um. Propõe às nações, desde 2007, apagar as luzes, durante uma hora. Marcos globais como o Coliseu de Roma e a Sydney Harbour Bridge já ficaram às escuras. Segundo esta organização, não se trata de uma campanha para poupar energia, mas sim para consciencializar as pessoas sobre a necessidade de construir uma matriz energética mais limpa.
Todos os povos do mundo têm o dever sagrado de proteger o Planeta Terra. Os recursos naturais são finitos. O que parece não ser suficiente para desmotivar o Homem, que continua consecutivamente a sobrecarregar a Natureza com comportamentos poluentes. Não é por isso de surpreender que estejamos, desde há umas décadas, a passar por sérias mudanças ambientais, que afectam, todos os dias, a vida de milhões de pessoas. Consciencializar quem nos rodeia sobre isto é possivelmente a ferramenta mais poderosa que temos ao nosso alcance. Mais do que uma questão económica, é uma questão ambiental do qual todos dependemos. Pensa nisso.