Perco-me num tempo que é todo ele cheio de egos e de orgulhos que se confrontam e atropelam pelos caminhos de uma vida, que por si já é tão curta.
Resta-me o silêncio da consciência do caminho percorrido, e a certeza de que o que não foi feito no percurso, não aconteceu porque não foi mesmo possível de fazer.
Tenho um caminho para trás, que pode não ser brilhante, mas é todo ele cheio de brilhos e de luzes, emanados das pessoas que foram passando ao longo do caminho, e uns de uma maneira e outros de outra, ajudaram-me a ser a pessoa que sou hoje. Nem mais nem menos, apenas eu.
A mesma simplicidade da inocente criança que ainda acredita que é possível termos um mundo melhor. Continuo inacreditavelmente a achar que ainda há pessoas boas, sou apenas mais atenta aos sinais que recebo do exterior.
E se tomarmos atenção são tão fáceis de perceber, basta algum cuidado na observação na forma como as pessoas interagem connosco.
Gosto de ser assim, simples mas muito orgulhosa de o ser, e naturalmente humilde, mas consciente do valor que posso acrescentar a quem comigo convive, mas na certeza de que é na simplicidade dos gestos e na humildade do nosso dia a dia que se conhecem as grandes e verdadeiras pessoas.
Já diz o ditado: “Queres conhecer o carácter de um homem/mulher dá-lhe poder” e de facto não poderia ser mais verdadeiro. Quando se está num patamar de igualdade é mais fácil tentar ou até conseguir-se ser alguém igual aos comuns, parecer um igual entre os restantes, mas os sinais estão todos lá, basta saber lê-los.
No entanto, quando a ascensão acontece, é inevitável, vem tudo para fora, não têm como esconder, nos gestos, nas palavras, na postura, tão fácil ser sobranceiro com os outros, ou mesmo deixar bem vincada a diferença de posições, tão fácil e tão feio.
Perdeu-se o discurso da igualdade, inicia-se o processo da arrogância.
Uma palavra: tristeza, é o sentimento que me lembram essas pessoas, não são pessoas bem resolvidas, nem de bem com a vida, por isso pena e tristeza.
São afinal pessoas que vendem uma imagem por detrás de belos discursos de igualdade de oportunidades e diálogo entre os pares, mas depois, afinal se lhe for dada uma possibilidade de liderança, percebe-se rapidamente este comportamento distorcido, ou seja “santo com pés de barro”. Era tudo conversa fiada, daquela que não tem qualquer valor, e com a qual vão atingindo os seus intentos.
Dir-me-ão, certo, e qual é a novidade dessa questão? Acontece imensas vezes, todos os dias, em qualquer lugar do mundo.
É verdade, acontece todos os dias, no entanto, custa mais a perceber quando nos acontece ao lado. Mas a culpa não é dos outros, eu sei. A culpa é nossa e das expetativas que atribuímos aos amigos e aos colegas, não são eles que falham somos nós que os subestimamos.
Importa mesmo aprender a viver sem ter expetativas face às outras pessoas. Mas eu aprendo, tem mesmo de ser, até porque eu sou daqueles que está em constante processo de aprendizagem.
Acabaremos de morrer e ainda estaremos a aprender!