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Pais muletas e a geração canguru

Vivemos na era da geração canguru. A geração canguru é aquela onde os filhos, mesmo sendo adultos, continuam a viver na casa dos seus pais pelas mais variadas razões. Uma das razões tem que ver com o contexto económico adverso onde só viram crises económicas e mesmo tratando-se de indivíduos qualificados, são trabalhadores precários.

Embora não haja nada de intrinsecamente errado com o facto de os filhos viverem com os pais, a verdadeira preocupação surge quando essa coabitação é acompanhada por uma sobreproteção. Muitos pais, sem perceberem, acabam sufocando os seus filhos com excesso de proteção desde uma idade precoce. Isso resulta numa privação de oportunidades de aprender com os seus próprios erros e desenvolver habilidades essenciais para a vida adulta.

Vejamos um exemplo onde se pode observar o que digo.

No país onde quase um terço dos pais não ajudam os filhos nos trabalhos de casa, temos relatos de professores que referem a pressão dos pais para que as notas dos seus filhos sejam melhoradas, desconsideradas faltas ou mesmo influenciarem o modo como algumas matérias são ensinadas. Estes pais não se ficam apenas pelo ensino básico ou secundário, porque até nas universidades há registo de pais incomodarem os professores. Mais, que os “alunos de licenciatura estão cada vez mais infatilizados e protegidos pelos pais”.

O próprio ato de, à mínima contrariedade, chamar pelos pais é um sinal de que a educação que damos aos nossos filhos falhou. Está errado pedir ajuda aos pais nas contrariedades? Não, o que está errado é a atitude de olhar para os pais como uma solução rápida para os problemas e esperar que tudo se resolva.

Por exemplo, quando uma criança vai para a escola, ela não o faz porque é costume todas as crianças irem para a primária. Vai para escola porque aí encontrará, além das aprendizagens necessárias, uma série de desafios que contribuem para o seu desenvolvimento pessoal e que se repercutirá na sua carreira académica ou profissional. A escola é um complemento da educação familiar, fornecendo as competências necessárias para enfrentar os desafios da vida adulta, como adquirir as habilidades profissionais e sociais indispensáveis para uma carreira bem-sucedida.

No entanto, proteger demasiadamente os filhos pode, na verdade, minar o seu desenvolvimento no longo prazo. A dependência excessiva dos pais pode resultar numa falta de resiliência e habilidades, deixando os filhos despreparados para os desafios que encontrarão ao longo das suas vidas. Se crescerem num ambiente onde o direito de falhar e aprender com os erros é negado em nome da proteção familiar, a sua educação será incompleta e limitada.

É fundamental encontrar um equilíbrio saudável na educação parental, que valorize tanto o afeto e a proteção quanto a promoção da independência e resiliência dos filhos. Não se trata de uma apologia à educação espartana, mas, sim, de encontrar o difícil equilíbrio entre proteger e permitir que os filhos enfrentem desafios e tomem decisões por si mesmos.

É legítimo que os pais queiram oferecer melhores condições do que as que tiveram, mas também é crucial que preparem os filhos para enfrentar um mundo em constante mudança, onde a independência e a capacidade de adaptação são essenciais. Num mundo cada vez mais interconectado e onde as mudanças sociais, económicas e culturais acontecem a um ritmo cada vez mais intenso, será importante para o “adulto em formação” saber como agir nesse contexto, até porque os pais não vivem eternamente.

Na verdade, a conclusão paradoxal da parentalidade é que os pais devem, eventualmente, tornar-se desnecessários. Quando os pais conseguem esse feito, os filhos têm a oportunidade de desenvolver a sua própria identidade, tomar decisões e enfrentar os desafios da vida com confiança. No entanto, isso não significa que os laços emocionais devam ser cortados; os pais devem sempre estar disponíveis para oferecer apoio, orientação e amor, mas sem se imporem aos filhos como se eles fossem incapazes.

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