De onde vem a sorte

A vida adulta pode ser mesmo desafiadora. As más notícias nos rodeiam, nos atravessam e nos afetam, vez após outra sem tempo para digerir a resolução anterior. Recomendo um prêmio a quem consegue viver de modo alheio ao fim do mundo iminente.

Particularmente, vivo de maneira preocupada desde a infância. Ainda nova analisava tudo: prós, contras, sorte, revés. Este, inclusive, seguia-me de perto. Nem ouse argumentar e tentar dizer ser um equívoco da minha parte. Eu vivia debaixo da nuvem do azar e posso provar.

Por agora prefiro evitar os detalhes sórdidos da minha falta de sorte (como mudar de escola ano após ano; perder o transporte e vê-lo partir no último segundo; ser pega pela chuva no único dia da semana em que estava despreparada). Escolho testemunhar a partir de quando comecei a mudar meu destino. Esse é sem dúvida um dos ganhos mais recentes que a terapia me trouxe. Recomendo resistir a ideia de parar a leitura aqui. Essa descoberta é diferente da lei da atração, da fé religiosa, de simpatias e outras tarefas místicas.

Há algum tempo, experimentei o poder transformador do sonho. Sim, a capacidade de sonhar de maneira ilimitada pode dissipar a nuvem do mau agouro e trazer à realidade a vida idealizada. Eu duvidei por muito tempo até viver com minhas próprias células.
Recomendo e ensino: antes de tudo, abra mão do medo de ser feliz. Na sequência, sonhe com a liberdade de uma criança. Sim, é isso mesmo. Mais do que ousadia, é preciso simplicidade para ouvir o sussurro da alma.

O “pensamento positivo” pode ser útil, mas, sejamos honestos, ninguém (com exceção do meu pai) é otimista o tempo todo. A realidade é cruel e nos entristece. Quem pode ter bons pensamentos quando está triste? Enquanto essa for a prerrogativa a conta fecha em negativo. O sonho, por outro lado, vem de maneira natural sem exigir qualquer qualidade. E caso ainda esteja a discordar (ou duvidar), ouse fechar os olhos e respirar fundo para perceber o seu coração. No final, vai concordar comigo.

Confia, o segredo é sonhar com a sinceridade e a plenitude de uma criança. Observe. Independente da realidade, os pequeninos sonham com a realização do seu querer legítimo. Sem compromisso com a realidade ou com a possibilidade. O desejo pueril transborda e acaba por virar matéria, de um jeito ou de outro. Zero medo, zero consideração, zero preocupação. Para saber qual é a força que te moverá para a felicidade só é preciso auto permissão. Nada mais. Pouco importa como vai acontecer ou quando. O seu único trabalho é escolher.

Quando criança eu era triste e pessimista. Tinha convicção da minha situação desafortunada. Depois de “velha” foi que aprendi a desejar com mais verdade e liberdade. Agora minha lista de desejos aumenta a cada realização.

Por incrível que pareça dá muito certo. E pra quem quiser saber os exemplos da minha história real, me convida pra um café e eu conto vários deles.

Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Português do Brasil

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