Boa tarde, senhor telespectador. Bem-vindo a mais uma transmissão do Repórter Sombra. Joga-se hoje mais uma jornada da Liga Operação LEX.
Têm sido tempos marcados por inúmeras polémicas em torno da arbitragem. Várias vozes se têm insurgido contra quem tem o poder de regular, porque quem regula parece que não regula bem. Estará em causa a verdade da competição. E em relação a este aspecto, o Repórter Sombra está em condições de adiantar em primeira-mão uma alteração de última hora. Inicialmente nomeado para arbitrar este encontro, o Banco de Portugal foi afastado por incapacidade técnica. Assim sendo, em substituição foi nomeado alguém que, segundo os órgãos dirigentes da arbitragem, reúne melhores condições do que o Banco de Portugal para ver e analisar correctamente os lances mais difíceis. Assim, Stevie Wonder será então o árbitro desta partida.
As equipas já se encontram no relvado para o habitual aquecimento. Também aqui, na constituição dos eleitos para o encontro de hoje, registamos alterações de parte a parte.
De um lado, a equipa da casa formada por banqueiros, elementos ligados a clubes de futebol, políticos, juízes e magistrados – uma selecção fortíssima dos melhores craques em reviengas económicas e fiscais. Desde logo, fazem parte do plantel os experientes José Veiga, Rui Rangel e Luís Filipe Vieira, bem como algumas jovens promessas. É uma mescla muito bem conseguida de batoteiros ainda em formação com experientes em trivelas manhosas e pantominices; do outro lado um opositor formado por clientes do antigo BES e 10 milhões de portugueses. Nota especial para o hacker Rui Pinto, que se prepara para ser titular. Um jogador com características muito especiais e que tanto pode fazer parte de uma como de outra equipa.
Lembramos que Ricardo Salgado, ex-timoneiro dos clientes do antigo BES, deixou a equipa sem hipóteses de se salvar, abaixo da linha de água das ilhas Caimão. Será, portanto, uma tarefa muito difícil para esta formação, a qual é, neste momento, orientada pelos responsáveis técnicos do Novo Banco, até agora sem qualquer resultado positivo, um conjunto que conta com várias baixas no plantel. A equipa dos clientes do antigo BES terá no banco mau de suplentes vários activos tóxicos e passivos prontos para entrar em campo, assim os responsáveis o desejem.
Refira-se que o histórico de confrontos entre estes protagonistas é claramente desfavorável à equipa dos clientes do antigo BES.
Começa o encontro com posse de bola para a equipa da casa. A equipa dos clientes do antigo BES não consegue nestes primeiros minutos desembaraçar-se da teia muito bem montada pelo adversário. Um adversário matreiro que espera pelas melhores oportunidades para desferir ataques cirúrgicos. Uma equipa tacticamente inspirada no estilo italiano, inspirada nas grandes equipas da zona da Sicília.
Lá vai Luís Filipe Vieira em grande velocidade, tenta uma finta aos inspectores da PJ, procurando ganhar vantagem através de incríveis telefonemas para o juiz desembargador Rui Rangel e com uma tabelinha conseguem afastar os opositores. Jogada de mestre. Grande jogo de cintura. Vem ao de cima a facilidade em conseguir basculações e transições ofensivas por parte desta equipa, que aposta na capacidade de drible de Luís Filipe Vieira. António Costa e Fernando Medina assistem na bancada e aplaudem este talentoso craque. Uma forte dinâmica ofensiva, qualidade técnica acima da média, a fazer mossa no último reduto da equipa dos clientes do antigo BES, que fica lesada em vários milhões de euros. Um resultado a roçar o escândalo. É já uma goleada histórica.
Há agora um burburinho no relvado com vários jogadores aos empurrões depois de uma entrada a pés juntos por parte de Luís Filipe Vieira. A equipa dos clientes do antigo BES prepara-se para fazer uma alteração, pois há um elemento em dificuldades. Confirma-se: há um lesionado do BES. Aliás, parece haver mais. Atenção, são vários lesionados do BES a contorcerem-se com dores. Parecem estar com roturas na conta bancária. Juntam-se agora 10 milhões de contribuintes portugueses aos lesionados do BES, também eles com graves lesões devido a esta infracção.
A descida de divisão das finanças das famílias portuguesas parece ser inevitável. É, senhor telespectador, a desilusão no rosto de toda a estrutura.