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Livros para Relaxar – da GUERRA & PAZ…

Com os livros somos livres. Nunca é demais ler. Ler para aprender, ler para melhor, ler para mais conviver, ler para travar a ignorância e o desconhecer. Ou apenas ler, não tendo outra coisa a fazer!…

Nesta décima terceira crónica literária, revisitamos mais alguns títulos da GUERRA & PAZ Editores.

Aquele por Quem o Escândalo Chega, de René Girard

Nesta obra, o autor francês – inventor da «teoria mimética» – escreve, em três ensaios contundentes, sobre o ser-se contra o relativismo: violência e reciprocidade (para o autor é quem mina o pensamento contemporâneo e fá-lo retomar a contribuição decisiva da antropologia cristã, expondo os pontos que o ligam ou que o opõem a Claude Lévi-Strauss), sobre os bons selvagens e os outros, sobre a teoria mimética (= a teoria que põe o desejo do que o outro possui – desejo mimético – no centro das relações humanas) e teologia e sobre o contrário do mito: conversas com Maria Stella Barberi.

Revela, portanto, as grandes linhas da sua obra: o darwinismo revisitado e a antropologia resolutamente correlacionada com a teologia. Segundo Girard, “a violência parece estar num processo de escalada que faz lembrar a propagação de um incêndio ou de uma epidemia. Faltam palavras para dizer ou descrever a espiral de violência que ameaça submergir-nos”. Ele afirma que “a violência não é nem política nem biológica e que ao ignorarmos os mecanismos de imitação, impedimo-nos de compreender os perigos que nos ameaçam”. Um livro da Guerra & Paz, com 124 pp.

A Busca do Ideal: História das Ideias, de Isaiah Berlin

Este filósofo letão confronta os dois grandes fatores que moldaram a mais recente história da Humanidade. O desenvolvimento das ciências naturais e da tecnologia, por um lado; por outro, as tormentas ideológicas e revolucionárias que geraram tiranias totalitárias, de Direita e de Esquerda, bem como as explosões de nacionalismo, de racismo e de fanatismo religioso. Mostra que esses movimentos nascem de ideias existentes na cabeça de certas pessoas e como essas ideias se vão transformando, em nome de uma visão de um certo objetivo supremo. Portanto, nessa busca do ideal que escreve, explana também: o conceito de história como ciência, se a teoria política ainda existe, o contra-iluminismo, o divórcio entre as ciências e as humanidades, Herder e o iluminismo.  

“Teríamos de ser bárbaros para não termos curiosidade em saber de onde vimos, como chegámos aqui, para onde vamos, se queremos ir para onde estamos a ir, se queremos, porquê, e se não queremos, porque não”, escreve o autor. E acrescenta: “Hoje em dia, serão poucos os que defendem a escravatura, os assassínios rituais, as câmaras de gás nazis – ou o dever de as crianças denunciarem os próprios pais, como exigiram as revoluções francesa e russa. Não há qualquer justificação para se fazerem cedências nestas matérias. Mas, por outro lado, a busca da perfeição parece-me ser uma receita para a carnificina, e não será melhor por ser exigida pelo mais sincero dos idealistas, pelo mais puro de coração”. Uma publicação da Guerra & Paz, com 263 pp.

A Soberania do Bem, de Iris Murdoch

Esta filósofa irlandesa questiona: qual é a tese central da Soberania do Bem? No coração do seu pensamento reside esta ideia: o amor é a força motriz do conceito de moralidade. É através da conceção do amor que Murdoch analisa e elucida a relação entre as nossas ações e o nosso pensamento. Em vez de racionalizarmos cada ação e cada escolha, esta obra incita-nos a deixar ouvir (e falar) o nosso espírito e a abrirmo-nos ao mundo que existe fora de nós.

O «Bem» existe independentemente da nossa vontade: é algo que reconhecemos, e não algo que escolhemos. Esta pensadora e romancista – das mais consideradas do séc. XX – começa por analisar a «ideia de perfeição», debruçando-se a seguir, numa deambulação de raízes platónicas, pelos conceitos de «Deus» e de «Bem» para, finalmente, concluir pela «soberania do bem sobre todos os outros conceitos». Um dos raros livros modernos de filosofia que os leitores fora da filosofia académica consideram realmente útil. Um livro da Guerra & Paz, com 147 pp.

As Origens do Conflito Israelo-Árabe (1870-1950), de Georges Bensoussan

Infelizmente o assunto e temática desta obra continua tão atual, numa guerra que dura séculos e, ao que parece, longe de ser resolvida e terminada. Assim sendo, esta publicação ajuda sobremaneira a entender a génese deste conflito, o que está por detrás, com a veracidade da informação sem recorrermos à contrainformação que o tempo atual teima em propagar. Neste livro, o historiador francês vai às raízes da guerra: foi no final da Primeira Guerra Mundial que se cristalizou o choque de dois nacionalismos; foi já em 1914 que se deu o embate cultural, o conflito religioso e a controvérsia sobre a natureza do projeto sionista!

Mas foi bem antes de 1914 que a génese do conflito tomou forma no discurso das elites árabes, da antiga comunidade judaica sefardita e dos sionistas da Europa Oriental. Ele mostra-nos que esses discursos, dominados pela propaganda, estão a milhas de um real conhecimento histórico. A obra destaca a força da dimensão cultural e antropológica num choque e num combate que nenhum dos esquemas explicativos clássicos – do nacionalismo ao colonialismo, passando pelo imperialismo – conseguiu realmente explicar. Um livro da Guerra & Paz, com 135 pp.

Tudo é Tabu, de Pedro Correia

Este jornalista português documenta nesta obra 100 casos de censura, todos eles muito diversos e boa parte deles registados em Portugal. Casos que envolveram figuras e entidades menos conhecidas ou sobejamente conhecidas, tais como: Tintim, Mark Twain, Machado de Assis, Shakespeare, a Disney, Kevin Spacey, Brecht, Woody Allen, Gauguin, Ésquilo, Tarantino, Harry Potter, Trudeau, Bernardo Silva, David Hume, Lincoln, Eça de Queiroz, Almodóvar, Rolling Stones, o 007, Virginia Woolf e outros mais.

Ou casos com situações de roubos, de nudez e sexo, de excesso de álcool, de “extremismo feminista”, de “anti-racismo branco”, de «escravas» ou “25 de Abril: o fim das caricaturas”. Subitamente, “somos inundados por novos interditos. Estamos sob vigilância permanente. Os patrulheiros andam aí, impondo um vasto caudal de proibições. Como se vivêssemos num rígido internato de paredes opacas onde a fuga à norma pode ser punida com a morte civil. Nada de original na História do mundo: sempre houve severos limites à liberdade de expressão. Novidade absoluta é isto ocorrer hoje, em sociedades democráticas, no chamado mundo livre”. Um livro da Guerra & Paz, com 223 pp.

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