O papel impresso é algo que para muita gente caiu em desuso, não foi à-toa que muitos jornais optaram por fazer uma versão para assinantes de forma digital. Nesta tentativa, os que acabam por ter mais sucesso são sempre os jornais que têm de certa forma um carimbo de não sensacionalistas e se orgulham de fazer um jornalismo sério, apurando factos e não em especulações com versões duvidosas. Mas qual a real vantagem dos jornais hoje em dia?
O analista Ross Dawson, construiu um mapa que demonstra que em 30 anos os jornais impressos serão extintos, dentro dessa problemática os jornalistas franceses não só acreditam que o impresso terminará, como também a própria profissão de jornalista. Aqui reside a questão, qual a razão para que eles ainda estejam nas bancas?
Ao contrário da versão digital, podemos ler várias notícias condensadas num único instrumento. É também possível procurar anúncios variados nos jornais, ofertas de emprego, casas para arrendar, recompensas para encontrar um animal perdido, entre outros.
Neste momento, está Repórter Sombra está sentada numa pastelaria, numa esplanada, onde tem 2 senhores entre os seus 60-70 anos com um jornal. Um tem uma caneta, provavelmente a fazer algum jogo de memória. Outro lê as notícias, apreciando com calma o seu galão. Um jornal, lido na sua plenitude, auxilia aqueles que não são nativos digitais a terem a possibilidade de terem conversas assentes em argumentos fundamentados e sérios. O digital tem a desvantagem de ter como primeira preocupação a quantidade de “cliques”. Isto transforma muitos vezes o foco da notícia para “algo que as pessoas queiram ver ou ler” fugindo um pouco da veracidade. Muitos jornalistas defendem que este jornalismo impresso é a verdadeira essência de algo sério e respeitado. Um Repórter que investiga todos os pontos a fundo, procura respostas que correspondam à realidade e não somente a títulos para criar partilhas de links infinitos.
Recuando 2 parágrafos, será que os jornais impressos no futuro não existirão mais? Que só a população mais velha recorre a eles?
A evolução dos meios de comunicação, da Internet extermina realmente com algumas vias. A menos que haja algum momento que ela seja de grande uso, que é o caso das rádios. Todas as pessoas as ouvem rádio no carro, no entanto, não ouvem em casa. Na verdade, o sucesso das rádios talvez passe por ser proibido mexer no telemóvel ao volante, pelo gasto de dados móveis e bateria. A facilidade de ouvir música sem grande transtorno garante ainda o sucesso destas, e é nas pequenas brechas que alguns setores vêm um sentido de oportunidade.
Mesmo a televisão atualmente não tem minimamente a importância de outros tempos. As pessoas em geral ouvem o telejornal sem grande atenção, enquanto preparam ou fazem as suas refeições. A falta de atenção, tempo ou disposição do público é uma questão transversal. Ela reflete-se principalmente no campo da leitura, não só de notícias, mas de qualquer tipo. Os momentos que vemos muita gente com livros na mão, é na praia, este motivado por várias questões. Uma delas porque não é o mais aconselhado mexer no telemóvel na praia, outras porque vêm aquele momento para relaxar, e a partir do momento que ligam a internet conectam-se também com milhares de possibilidades de serem incomodados.
Há um ponto que o jornal é uma grande mais-valia, recuemos ao tempo de pandemia, ou início da guerra na Ucrânia, na internet e no telejornal praticamente só líamos e ouvimos debater este tema. Outros tópicos continuaram a ser importantes, mas não eram os títulos fortes e há um grande público que não gosta de falar constantemente sobre o mesmo assunto.
O jornal necessita de diversificar ao longo das suas páginas e isso dá oportunidade do leitor de não ter somente várias versões do mesmo tema, deixando-o por vezes desacreditado e exausto. No entanto, foi precisamente a partir deste momento que se abriu várias portas para falar de saúde física e mental, como nunca se viu.
Talvez a solução para artigos impressos passe pelas escolas. O motivo por que até hoje se fala em Camões, Saramago, Fernando Pessoa, Eça de Queirós é porque estes são esmiuçados em contexto escolar. Neste momento, o público mais jovem acredita no primeiro vídeo que lhe aparece nas redes sociais, partilham inclusive sem procurar investigar ou saber se aquilo tem algum fundamento. Há aqui também uma certa necessidade de cultivar neles o “saber pesquisar” de forma científica. Seria interessante se se introduzisse jornais em algumas aulas, criar debates sobre as notícias que eles contêm, em aulas de formação cívica, filosofia ou psicologia. Proporcionando neles o estímulo de argumentar e da importância do jornalismo, não só no passado, mas no presente.
Aqui cabe completamente a frase “saber é poder”, incutir nos jovens uma veia jornalística, seja talvez uma via para que esta permaneça uma profissão importante e respeitada. Mesmo que um dia o impresso não funcione mais, é de extrema importância ter uma população informada e para isso continuaremos a precisar de jornalistas sérios e coerentes. São eles que hoje em dia servem de suporte a comunicadores em redes sociais e podcasts.
Isto leva-me a concluir que é necessário mais apoio vindo das redes sociais para que as pessoas não esqueçam a importância de termos a profissão de jornalista presente no nosso quotidiano.
Nota: este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico
Artigo muito pertinente. Os jornalismo tradicional faz cada vez mais falta.