Por que é que temos de ser decididos? Por que é que temos de fazer escolhas? Por que é que tem que ser assim? Por que não podemos simplesmente viver a nossa indecisão natural, experimentando à medida que a vida vai acontecendo?
Escolhas VS decisões – Há uma diferença tênue, na minha opinião, entre estes dois termos, sendo que o primeiro implica ter várias opções, por exemplo: vamos comprar um carro. Há duas cores disponíveis, a cor preta e a cor vermelha. Escolhemos a que mais gostamos. A escolha baseia-se num desejo ou num capricho.
Já a decisão que foi tomada ao escolher a cor, teve como base a análise de certos parâmetros tais como o nível de desgaste da cor mediante a exposição solar, nível de percepção da sujidade, entre outros.
Para piorar a situação, estes termos podem aparecer juntos, na mesma frase: “já decidi, escolho o carro vermelho”.
Toda a nossa vida é feita de escolhas.
Primeiro, escolhem por nós: os nossos pais escolhem o nosso nome, escolhem as nossas roupas enquanto pequenos e a pré-escola que vamos frequentar.
Mais tarde, começamos nós a manifestar as nossas preferências e gostos, fazemos as nossas primeiras escolhas: escolhemos os amigos, as músicas, aparentemente escolhas simples mas que nos vão moldando.
Porém, com o passar do tempo, as decisões que vamos tomando e as escolhas que vamos fazendo tornam-se cada vez mais difíceis e, mesmo que tenhamos a certeza de que é a escolha certa, (será que alguém tem essa certeza?) a dada altura da vida somos perseguidos pelas dúvidas e pela curiosidade de como teria sido se as nossas escolhas tivessem sido diferentes…
Na verdade, são pensamentos infrutíferos na medida em que não se pode desfazer o que foi feito e muito menos alterar o passado.
Mas até que ponto é que poderemos afirmar que as escolhas são 100% da nossa inteira responsabilidade?
Numa era em que tudo o que nos rodeia nos influencia, tudo é pensado, desenhado e concebido com o intuito de nos influenciar, serão as nossas decisões tomadas de livre arbítrio, ou seremos, ainda que inadvertidamente, influenciados?
Todas as decisões que tomamos, tendo ou não sido sob influência de terceiros, têm um impacto na nossa vida, impacto esse que poderá ser maior ou menor consoante a importância da decisão. Decidir comprar uns sapatos que estão na moda em detrimento de uns sapatos confortáveis, poderá, a princípio, parecer uma escolha difícil, porém, a consequência dessa decisão passará somente por um maior ou menor desconforto nos pés.
Já ponderar e decidir sobre uma mudança de emprego, de casa ou até de país, essas serão decisões bem mais difíceis de tomar e que terão um impacto indubitavelmente maior na nossa vida.
À medida que envelhecemos e maiores são as nossas responsabilidades, mais difíceis se tornam estas escolhas e estas tomadas de decisão, porque o resultado ou a consequência das mesmas terá um impacto não só em nós próprios mas também naqueles que nos rodeiam.
Ainda que quiséssemos viver sem ter que escolher ou decidir, seria impossível, pois mesmo nas coisas mais simples do dia a dia há uma escolha para ser feita ou uma decisão para ser tomada: direita ou esquerda?
Preto ou branco?
Peixe ou carne?
Qual a roupa que deverei vestir?
O importante no meio de tanta escolha e decisão, é sentirmo-nos confortáveis connosco próprios, é termos a consciência de que poucas coisas serão irreversíveis e, ainda, é termos a noção de que se não nos acomodarmos, se não nos resignarmos, se formos suficientemente arrojados e audazes, estaremos sempre a tempo de fazer novas escolhas, tomar novas decisões e seguir novos caminhos…