Albano Taborda Curto Esteves era o seu nome verdadeiro, mas ficou mais conhecido por Tarzan Taborda. Nasceu no dia 27 de Maio de 1935, na zona de Penamacor, que provou ser pequena para ele.
Foi um lutador de luta livre tendo sido cinco vezes campeão mundial e quatro vezes campeão Europeu de luta. O seu corpo era o seu templo e sabia como o cuidar. No entanto não foi apenas a luta que mostrou a sua garra pois foi bailarino no Lido de Paris e duplo em Hollywood, tendo contracenado com Brigitte Bardot, Alain Delon, John Wayne e Robert Mitchum.
Participou em mais de quatro mil combates sem nunca ter perdido um único, tornando-se campeão Europeu quatro vezes e campeão Mundial outras cinco. O mundo não tinha fronteiras para ele pois lutou em grandes palcos e até no Médio Oriente onde chegou a actuar em Bagdá para Saddam Hussein.
A idade pode ser um impedimento por o corpo não responder da mesma forma, mas, neste caso, ouviu-o durante muito anos pois só largou as competições em 1981. Nos anos 90, narrava na RTP, junto de António Macedo, as transmissões das lutas da então WWF.
Depois recolheu-se a uma vida mais calma, junto ao mar, onde o som das ondas adormecia as mágoas e as fúrias das tormentas. Quem o conhecia sabia como o encontrar. Percorria o areal, calmamente, como se se tratasse de um pequeno passeio, mas era de muitos, imensos, quilómetros que aquelas pernas faziam com sabedoria.
Figura incomparável, dava sempre uns dedos de conversa a quem o abordava e, mesmo parecendo que estava indisposto ou até desagradado, pelas suas feições duras, era muito delicado nas suas palavras e atitudes. Era um mestre numa certa arte que ganhou outro nome e curava a coluna vertebral, como se podia ler na placa da sua casa.
Durante anos, fomos parceiros de caminhadas, se bem que eu parava em todos os locais para apanhar conchas ou olhar para o mar e imaginar Marrocos ali ao virar da esquina. No regresso havia sempre o cumprimento pessoal, o até amanhã e o habitual, muita saúde. A sua pessoa era bem estimada e respeitada.
Entre a Fonte da Telha, onde exercia fisioterapia com mestria e a Costa da Caparica, era vê-lo a caminhar como se nada fosse. E o regresso era sempre com a mesma alegria e frescura do início. Aquele corpo esqueceu-se de envelhecer e ouvia apenas o que lhe interessava.
Há quinze anos que partiu, mas eu ainda o consigo ver ali, à minha frente, a fazer a sua caminhada e a espalhar o seu charme peculiar a todos os que o conheciam. Alcançou a eternidade quando os olhos já não abriram. Deixou imensas saudades e o seu lugar jamais será preenchido. Era único e do Mundo!