No domingo passado, com 50 anos, Manuel Forjaz partiu. O seu corpo físico não aguentou mais um cancro, com o qual lutou durante 5 anos, e, em paz, partiu. Nunca tive o prazer de o conhecer pessoalmente, nem de o contactar, mas seguia a sua página no Facebook e lia os seus posts, umas vezes concordando, outra discordando, mas sempre respeitando o que escrevia, como aliás assim deve sempre ser.
Contudo, ao escolher falar de Manuel Forjaz nesta crónica, não é no sentido de enaltecer as suas qualidades humanas, mas sim para trazer o seu legado. Muitos morrem de cancro todos os dias neste país e neste mundo e todos devem sempre ser lembrados, mas poucos têm a tomada de consciência que Manuel Forjaz teve sobre a sua doença e sobre como poderia enfrentá-la. Nunca baixou os braços e não fez do cancro o seu modo de vida, a sua fonte de vitimização. Muito pelo contrário. Disse-o por diversas vezes, que poderia morrer do cancro, mas que o cancro nunca o mataria e fez disso um mote, uma convicção. Tristemente, nos dias seguintes, diversos jornais tinham como manchetes que ele tinha sido vencido pelo cancro, algo profundamente irreal.
A sua luta contra a doença foi o reflexo de uma postura perante a vida. Empreendedor, acima de tudo, sempre soube o que queria, independentemente dos obstáculos que a vida lhe colocou. É admirável poder ser assim, livre! Não importa se se concorda ou não com o que dizia ou escrevia, não importa se cometeu erros durante a sua vida, pois é óbvio que os cometeu, o que importa é o que nos transmitiu e deixou. Arriscaria dizer que foram muitos mais os erros que cometeu que os sucessos, até porque é isso que faz de alguém um verdadeiro empreendedor e vencedor. O seu maior legado foi o seu exemplo e dificilmente será esquecido, precisamente por isso. Para mim, o mais importante é que ele fez algo na sua vida que eu prezo e acredito muito: deu tudo o que era ao que acreditava.