Perdi-me num horizonte sem sombras, onde apenas encontro luz e paz.
Perdi-me do alvoroço que todos os dias me assola o espírito, e que sempre me passa a sensação de que nada do que faço é suficiente. Tudo parece pouco.
Perdi-me na imensidão dos dias que acelerados me tomam conta da vida e me roubam a esperança de ser feliz. E que bom foi perder-me. Porque afinal, esse foi o momento em que verdadeiramente me encontrei, não apenas comigo, mas com a verdade do que eu sempre procurei ser.
Este podia ser um bom início de um livro, teria com certeza matéria suficiente para desenvolver em volta dos estados de alma, que todos os dias nos assolam.
Mas não é assim, a verdade acaba por ser apenas um reflexo dos muitos dias em que perdida do que me rodeia, o pensamento deambula por entre sombras e aragens da natureza que ainda me permitem sentir viva.
Respiro e sinto que tenho de abrandar. A vida assim o exige, ainda que a cabeça ache que não me é permitido, tenho que o fazer. E então, esta é a hora de ouvir o meu coração, e o que vai cá dentro, esmagado por entre a violência terrível destes meus dias.
Os dias que se atropelam uns aos outros e que parecem teimar em não querer deixar de acontecer, e persistem em vir, sequencialmente, um atrás do outro.
Então se assim é, compete-me a mim tornar esses dias diferentes.
E que cada dia seja melhor do que o anterior, que eu consiga ter a capacidade de escolher o que quero e como quero fazer, o encanto da vida reside em optar pelo que nos torne mais felizes, e se estivermos mais felizes seremos também naturalmente melhores seres humanos, melhores companhia e melhores amigos.
Se é assim tão fácil apreciar a vida e o nosso tempo por cá, então por que razão persistimos em dificultar o caminho, em complicar o que é simples?
Perdemos a criatividade e a capacidade de sonhar demasiado cedo nas nossas vidas, o dever de crescer e de fazer coisas condiciona-nos e entorpece, o que na realidade nos poderia fazer mais felizes, a ingenuidade de acreditar que será sempre possível fazer melhor, desde que nós o queiramos, basta sonhar.
Quero perder-me num horizonte onde tudo o que me fizer mais feliz seja permitido, sem restrições e sem limites.
Afinal ser feliz é muito fácil e está mais perto de ser possível do que nós imaginamos, basta acreditar, soltar as correntes do que é certo ou errado, que nos prendem, e acreditar que ser feliz é possível.
Acredito que possam estar a pensar que estarei a fantasiar esta possibilidade, mas afinal e como dizia o poeta: temos em nós todos os sonhos do mundo!
Basta acreditar.