O desporto automóvel é e sempre será algo imprevisível. E nada melhor do que a edição de 2016 das 24 Horas de Le Mans para provar isso. Se nos anos anteriores o foco tem sido os carros de LMP1 (Le Mans Prototype 1), o foco este ano esteve também em cima dos GTE-Pro (Grand Tourer Endurance Professional). A Porsche, Audi e Toyota, vinham mais que prontas para lutar pela vitoria, com dois carros cada. Prontos para lutar e talvez por uma reedição da corrida de 1966, vinham também os Ford GT e os Ferrari 488 GTE. Antevia-se que a eterna rivalidade entre as duas marcas desse um grande espectáculo para quem esteve a assistir. Outro dos factores determinante para a edição deste ano foi a chuva. No entanto, mais sobre isso ao longo do artigo.
Como já disse no artigo sobre a edição do ano passado e quando apresentei o circuito, Le Mans não é uma pista particularmente difícil como o Nordschleife, mas é, no entanto, uma pista que exige muito da mecânica, do carro e acima de tudo do piloto.
A corrida começou com um Porsche na pole-position, depois de a ter ganho na primeira qualificação, e com o safety-car em pista devido a chuva intensa que se fazia sentir. A primeira hora de corrida foi de facto bastante lenta devido a presença do safety-car, mas assim que o safety-car entrou nas boxes e a corrida verdadeiramente começou, os Porsche começaram a dominar seguidos de perto dos Toyota e dos Audi. Nas boxes da Porsche e da Toyota notava-se a vontade de lutar mano-a-mano com a concorrência, porem o mesmo não acontecia nas boxes da Audi que de forma resumida esteve a marcar presença, com uma corrida que ficou bastante longe do que se esperava. Pouco tempo depois do inicio da corrida os Toyota ganharam a liderança e por aí ficaram, trocando ocasionalmente a liderança com os Porsche. A 20 minutos do fim da corrida a diferença entre o os dois primeiros carros (um Toyota e um Porsche) era de cerca 40 segundos.
Apesar da luta na categoria de LMP1 ser feroz, a luta deste ano, e aquela que todos os petrol-heads estavam a espera nos últimos 50 anos era Ford vs. Ferrari. Em 1966 a Ford dominou Le Mans com um espectacular primeiro, segundo e terceiro lugares. Este ano iria tentar fazer o mesmo, e por pouco não conseguiu. A categoria de GTE-Pro acabou com um Ford GT em primeiro e terceiro e um Ferrari 488 GTE em segundo, todos na volta 340.
Como disse no inicio o desporto automóvel é e será sempre algo imprevisível. A apenas 5 minutos do fim da corrida o Toyota n.º 5, carro que liderava a prova, perdeu a potencia eléctrica. O Porsche n.º 2, que estava um curto minuto atrás, começou a voar e ultrapassou o Toyota, parado na recta da meta, faltavam 3 minutos para a corrida acabar, levando assim o 18º triunfo e o segundo consecutivo. Glória aos vencedores e, acima de tudo, aos vencidos. Quem disser que a Toyota se envergonhou com este final, claramente não viu a mesma corrida.
Pontos positivos da edição de 2016: Toyota e Ford. Corrida exemplar para ambos os carros da Toyota, sem erros, tudo feito com calma e sossego, provando que têm capacidade para desafiar a Porsche e a Audi. Apesar de ter havido alguns erros do lado da Ford é de notar que raramente os estreantes ganham, mas a Ford fê-lo. O Ford GT está brilhantemente construído e chega e sobra para desafiar a Ferrari em qualquer dia.
Pontos negativos da edição de 2016: Audi. A Audi simplesmente não estava com a cabeça na corrida. Erros, falhas mecânicas, falta de comunicação tudo assombrou a Audi este ano. Esperemos que na edição de 2017 isto seja corrigido.