Ao longo da vida, cruzam-se connosco no caminho todo o tipo de pessoas. Pessoas que nos marcam, que nos tocam, que nos magoam, que nos desiludem… pessoas com quem nos identificamos, outras nem tanto, pessoas de quem gostamos e outras que nos odeiam.
Nem sempre estamos de acordo, nem sempre partilhamos os mesmos ideais e, não raras vezes, temos uma tendência natural e humana, a afastar de nós, todos aqueles que, de alguma forma, não compartilham da mesma forma de estar. Seria hipocrisia dizer que gostamos de toda a gente e que acolhemos na nossa vida todos de igual modo. Da mesma forma que, quando nos magoam de uma forma deliberada e dolosa, das duas uma: ou desprezamos tal ser até que lhe esqueçamos o nome e não lhe reconheçamos o rosto, ou alimentamos ressentimentos e ódios.
Contudo e se essa pessoa que outrora te prejudicou ou magoou, precisasse que lhe estendesses a mão? Serias tu capaz de fazer prevalecer a tua bondade, em detrimento das feridas que te causou?
Honestamente, ninguém quer ser um mártir às mãos alheias e, provavelmente, assalta-nos o pensamento de que poderemos voltar a ser magoados e/ou prejudicados novamente, mas “cada um dá o que tem” e se o que temos para dar é bom, que sejamos capazes de nos dar dessa forma, independentemente de quem seja. Para que isso aconteça, é necessário termos a capacidade de perdoar. O perdão liberta-nos da posição de vítima, “limpa-nos” as mágoas e os rancores do coração. Requer maturidade e uma vontade imensa de vivermos de forma plena, sem nuvens de ressentimentos a assombrar-nos a cada passo.
Só quem tem um conhecimento profundo sobre si mesmo consegue dar a outra face. Só quem tem o coração limpo é capaz de o fazer. De cada vez que fazemos o bem, para além de nos sentirmos melhor connosco, de alguma forma, estamos a mostrar ao outro um caminho… não precisamos pagar na mesma moeda a quem nos faz mal, pelo contrário, precisamos pagar com o bem, principalmente a esses.
Quem sabe, não se contagia?