Dizem que ninguém virá nos salvar, mas muitas pessoas nos salvam, mesmo sem querer ou perceber… Mas nunca em vão.
Podem ser momentos simples, como um sorriso de um estranho na rua, um bichinho que vem ao colo repentinamente, o afago de uma criança, um abraço inesperado, palavras de um escritor, uma letra de música, um amigo atento, um almoço em família, um papo na fila do mercado, uma mensagem no telemóvel “do nada”, um e-mail com uma notícia aguardada, um café fora de hora sem marcação ou um presente sem data especial. Um elogio sincero. Um ato de gratidão. Inúmeros motivos que se tornam apoio e incentivo. O combustível para seguir!
Estamos todos nos salvando, todos os dias, de mini maneiras aparentemente insignificantes. A nos salvar e a salvar também, por que não?
Um alô repentino. Uma boa notícia vinda de um médico, um abraço forte em uma crise de choro. Ir jogar bola ou ténis, no final do dia. Ir ao ginásio, extravasar ou nadar livre, sem professor a ordenar. Mergulhar no mar e sentir o sal a limpar – literal ou energeticamente. Uma pizza no domingo a tarde, um passeio no parque, uma volta no parquinho, independente da idade. Ver um filme esperado ou um livro terminar…
Saber que um grande amigo distante vem visitar ou um familiar querido que não via há tempos. O nascimento de um bebé, iniciar um curso novo e desejado, seguir o instinto, voluntariado, o trabalho.
O que te salva?
Por vezes nem mesmo percebemos do que precisamos ser salvos. A diferença, a mudança e a consistência estão nos detalhes.
A tristeza aparece, a baixa energia nos envolve e acabamos por nos entregar. Pode ser por um momento mais rápido, algo que persiste e que leva até a necessidade de um auxílio, um socorro. Remédio, terapia, acompanhamento, direção. Arrisco até em dizer que depende do grau de evolução de cada um. Nem que seja melhor ou pior, mas algo mais desenvolvido, em quem consegue isso observar. O prestar atenção em si e nos sinais. Valorizar o simples.
O “salvar” aqui não quer dizer que se não fosse aquilo, nem conseguia viver. Sim, era possível, mas talvez de forma mais desafiadora, menos gratificante, mais desanimador. Era sem ter um motivo para estimular.
Na correria do mundo, nos nossos dias (e já vem aí 2025) passamos sem nem observar que esses pequeninos pontos podem – e fazem – a diferença.
Tens a noção que pode ter sido ou é a boia de alguém?
Afastar o contato, o abraço, uma palavra amiga. O ouvido para desabafarem, o conselho que pedem, uma atividade de válvula de escape… Tudo isso pode ser a falta de jogar a corda e ser responsável por um salvamento. Que de simples, vira complexo ou até impossível. Ou fatal.
Ser gentil não custa. Ceder o ombro ou só ouvir alguém, não custa. Se por no lugar do outro, não custa também. Na vida é preciso escolher se querer seguir com boas cenas ou se prefere se manter em modo drama.
As pessoas e os pormenores pelo meio do caminho ajudam nessa caminhada. Ninguém vive só. Não é preciso formação em primeiros socorros para ajudar ou pedir ajuda. Para notar as miudezas diárias que esbarramos. A simplicidade do básico.
No mar da vida, quem – ou que – é sua boia?
Nota: Esse texto foi escrito seguindo as normas de português do Brasil.