Uma semana é composta por 7 dias, 168 horas, 604 800 segundos, 6 jornais diários nos 4 canais generalistas e uma infinidade de notícias que aparecem tanto online, como na imprensa escrita, na rádio e na televisão. No meio de tanta informação, há que saber separar o trigo do joio, o importante do acessório e o interessante do que deveria nem ter sido notícia. É disso que viveu este espaço semanal, que surgiu de uma ideia que estava a ser usada para o Facebook, onde todas as sextas-feiras eram colocados dois posts – um referente ao Destaque da Semana e outro à Fava da Semana. Acima de tudo, pretendi construir um espaço de discussão, onde o objectivo era também incentivar o Leitor a dar uso ao teclado e deixar a sua opinião sobre os vários temas abordados fluir.
Há umas semanas essa dinâmica sofreu uma pequena alteração, porque, tal como dois posts de Facebook evoluíram para uma crónica, também esta crónica, em 2015, irá sofrer uma alteração que a seu devido tempo irá ser revelada. Por essa razão, decidi escolher 5 temas que me apaixonam como pessoa e cidadão atento ao que me rodeia para desenvolver nas últimas 5 crónicas d’A Voz do Editor, acrescentando sempre, como não podia deixar de ser, algumas curiosidades no fim.
Para dar continuidade a estes temas finais, decidi falar sobre o Poder do Amor Verdeiro e o que representa para cada um de nós…
Acreditas no Amor? Refiro-me àquela sensação profunda, que nos muda a perspectiva de vida, tira-nos o chão de baixo dos pés e que irá durar para sempre. Aquela sensação que só a poesia consegue descrever e de que são feitos os filmes.
Muitos são cépticos no que toca às questões do amor e têm boas razões para o ser. A cultura actual não é um terreno muito fértil para a criação do romance. Com as redes sociais, as mensagens por telemóvel e os sites de relacionamentos, revolucionou-se a comunicação amorosa, mas perdemos a arte do relacionamento. Hoje em dia existem muito poucas relações bem-sucedidas. Por vezes, até parece que já não existem muitas pessoas a terem conversas cara a cara.
No entanto, eu sou um crente no Amor, porque sei que ele existe. O Amor profundo, incondicional, eterno e verdadeiro existe. O que o torna tão raro é o facto de não ser verdadeiramente compreendido, já que a ideia de “Amor Verdadeiro” da maioria das pessoas é algo assim: o Príncipe Encantado, ou a Princesa Encantada está à nossa espera, algures no mundo, porque estamos destinados a ficar juntos, algures no nosso caminho. Esta pessoa especial também está à nossa procura, tal como nós a procuramos, e é só uma questão de tempo até nos encontrarmos, para podermos viver “felizes para sempre”.
Tretas!
O “felizes para sempre” não existe. Deus não escolheu pessoalmente uma pessoa especial só para nós. Aliás, a ideia de que podemos encontrar a nossa razão de ser noutra pessoa não passa de uma ilusão, porque a verdade é que o Amor Verdadeiro só pode ser encontrado em nós mesmos. A maior parte das pessoas que está à procura de “amor” está, na realidade, apenas a fugir da solidão. Estão constantemente a aceitar ficar com menos do que pretendem e com menos do que merecem. Tudo para conseguirem fugir ao seu maior medo: estarem sozinhas, envelhecerem sozinhas e morrerem sozinhas.
O medo da solidão previne-nos de vivermos uma intimidade genuína, mas o Amor Verdadeiro encontra-se para lá desse medo. Temos de enfrentar o que Louis C.K. chama de “vazio permanente”, a inextinguível tristeza que vive em todos nós. O reconhecimento constante da nossa própria mortalidade, já que, no fim, todos nós teremos de enfrentar sozinhos a morte.
A verdade é que o Amor Verdadeiro requer uma busca interior que a maioria das pessoas não está interessada em fazer. Requer que sejamos, primeiramente, felizes com a nossa própria solidão e que sejamos capazes de nos conhecermos, aceitarmo-nos e amarmo-nos como somos. Temos de encontrar a nossa paz de espírito, o nosso propósito de vida, as nossas paixões e a nossa alegria de viver.
Requer que deitemos a baixo as defesas do nosso Ego e que estejamos vulneráveis à vida, que desistamos das nossas idealizações sobre o futuro e que vivamos o aqui e agora. Só então é que estaremos verdadeiramente preparados para o Amor. Quando conseguirmos compreender em plenitude que o amanhã não é uma certeza, que o hoje é a única coisa que temos verdadeiramente, não podemos fazer mais nada a não ser darmos tudo o que temos, sem esperar nada em troca.
Afinal de contas, no início desta viagem, sabemos que iremos ter desgostos de amor. Iremos ser alvos de mentiras. Iremos ser tratados como algo certo. Iremos magoar-nos e desapontarmo-nos. Mais cedo ou mais tarde, entre o agora e o nosso último momento na Terra, iremos fazer muitas despedidas. Nós sabemos isto tudo e temos de o aceitar, mas mesmo assim iremos continuar a entregar todo o nosso ser ao Amor.
O Amor Verdadeiro é divino. É criado numa relação com a vida, uma dança com o vazio da solidão, que nos eleva para lá da condição humana e para lá dos jogos mesquinhos do nosso Ego, para alcançarmos um Amor sem limites. Para saborearmos a felicidade por inteiro. O que chamamos de “Amor Verdadeiro” é aquela união rara e sagrada que acontece, quando duas pessoas se juntam nesta dança sangrada.
É uma amizade, um caso amoroso e um acto de adoração. Paixão, luxúria, afeição, carinho, confiança, respeito e devoção fundem-se para se tornarem numa requintada rendição. Os apaixonados unem-se consigo mesmos e com a vastidão que é a vida. Nenhum pode garantir com toda a certeza de que o que os une poderá durar um fim-de-semana, ou uma vida inteira. Isso não é importante.
Só interessa aquele momento de união, de sagrada e bela união, porque esse momento contém em si toda a eternidade.
Durante quanto tempo consegues suster a tua respiração? Estou neste momento a suster a minha. Os primeiros 30 segundos são fáceis. Aos 45 segundos já estou pronto para desistir, mas faço um pequeno esforço e parece que se torna mais fácil, por algum tempo. No entanto, assim que ultrapasso um minuto sem respirar, tenho a certeza que não irei aguentar muito mais tempo. O meu coração bate com mais força. Liberto um pouco de ar dos pulmões e isso ajuda a aguentar-me mais um pouco. Eventualmente, acabo por desistir, deixando o ar todo sair dos meus pulmões e fazendo uma grande inspiração. Resultado final: 1 minuto e 12 segundos. Confesso que fiquei impressionado comigo mesmo.
Há quem tenha sugerido que a capacidade de suster voluntariamente a respiração é uma evidência de que, algures na evolução humana, houve um estágio aquático. Também existe quem afirme que os seres humanos têm a capacidade de baixar o ritmo cardíaco e o ritmo metabólico, para conseguir suster a respiração por mais tempo. Outras características fisiológicas, como ter cabelo, a distribuição da nossa gordura corporal e a nossa tendência para andar nas nossas duas pernas, também foram usadas como uma forma de comprovar esta teoria relacionada com uma fase aquática. No entanto, olhando apenas para o facto de que o ser humano sustem voluntariamente a respiração, parece que não somos os únicos mamíferos não aquáticos a conseguir fazê-lo e as experiências realizadas demonstram que o ritmo cardíaco do Homem não reduz, quando não respiramos voluntariamente em terra firme.
Então, qual é o truque para aguentarmos muito tempo sem respirar? Surpreendentemente, o truque passa não por enganar os sensores do nosso corpo que detectam a falta de oxigénio, ou o nível elevado de CO2 no sangue, mas sim enganar o diafragma. Quando inspiramos, contraímos os músculos do diafragma, de forma a aumentar o nosso peito e a que o ar consiga entrar nos pulmões. Quando sustemos a nossa respiração, paramos o diafragma neste estado, causando a sua fadiga e sentindo a sensação de falta de ar. Se formos libertando, gradualmente, um pouco de ar, conseguimos fazer com que o diafragma relaxe aos poucos e tenhamos a capacidade de prolongar o desafio de suster a respiração. Portanto, o músculo rei da nossa respiração é o diafragma e é ele o responsável pela sensação de desconforto, quando o ar falta.
Ao sustermos a respiração voluntariamente, mesmo que enganemos este músculo, os sinais de fadiga que ele lança acabaram por ser demasiado fortes e teremos, eventualmente, de ceder e de respirar um pouco.