É no dia 24 de Dezembro de 1973, em Vilar do Monte, Barcelos, que nasce aquele que viria a ser o homem “em busca dos seus limites”. Aos 12 anos, Carlos Sá começa a sua carreira no atletismo e, desde então, foi só acumular sucessos e ultrapassar barreiras. É o homem que ainda não encontrou os seus limites.
A sua história incrível começa, quando, aos 13 anos, começa a trabalhar e, com a profissão, consegue conciliar os estudos à noite e o atletismo também à noite, depois das aulas. Assim continuou, até aos 19 anos, quando começa a praticar BTT e a dar os primeiros passos nas caminhadas em Montanha. A paixão por estas caminhadas e pelo Gerês levam-no a dedicar-se ao montanhismo. A partir de 2004, começam as expedições, onde soma a subida ao Aneto, Monte Perdido, Toclaraju. Quando decide planear uma expedição a Cho Oyo, as corridas em Montanha aparecem na sua carreira, como forma de se preparar para a expedição.
Nas corridas em Montanha, Carlos Sá revela-se, conquistando várias posições de destaque. No ano de 2008, estreia-se na Ultra Trail da Geira, uma prova de Ultramaratona, e, na distância de 45km, conquista um segundo lugar. Algo incrível, derivado ao facto de ser a primeira vez que corria a distância. Durante este ano, participou ainda várias travessias e escaladas. No ano seguinte, persegue o sucesso e conquista a Ultra Trail de Geira, um pódio (2ºlugar) na Ultra Trail da Feita e, em Cavalls de Vent (prova de Montanhismo e Escalada), conquista um 14º lugar.
O atleta português revela-se um grande competidor de grandes distâncias e a confirmação chega em 2010, quando começa a explorar distâncias superiores a 100km. Alcança o 1º lugar em 101KM’s Peregrinos, em Espanha. Em França, Carlos Sá ganha aquela que é considerada uma das mais “duras” e prestigiadas provas da modalidade, o Grand Raid dês Pyrénées, uma prova de 160km, em que existe no percurso um acumular de 20km feitos em desnível. Vence também a maratona galega de Penedos do Lobo, o Trail Nocturno da lagoa de Óbidos, acumula 3 segundos lugares em Freita (70km), Geira (53Km) e Alpino Madrileño (70Km). Faz ainda um 9º lugar em Arouca, um 5º em Carrera Alto Sil e um 1º lugar no Cross Laminha, isto tudo em distâncias mais curtas.
Ainda nas grandes distâncias, participa, no ano de 2011, no Ultra Trail du Mont Blanc (170km), trazendo para casa um 5º lugar, na prova rainha da distância. Num cenário idílico, entra assim para a elite Mundial. Na mesma posição, conquista Alpino Madrileño (42KM) e também na mesma distância ocupa um 14º lugar em Zegama-Aizkorri. Vence o 2º lugar no Trail de Moaña e volta a vencer o Trail Nocturno da lagoa de Óbidos, sendo que, neste mesmo ano, torna-se campeão Regional de Corridas de Montanha e tem a sua estreia na Maratona de Sables, uma prova de 250Km, em pleno deserto do Sahara, constituída por 6 etapas, onde os atletas correm em autonomia total. Carlos Sá faz um incrível 8º lugar na classificação geral, sendo o 3º não-africano. Uma estreia fantástica.
2012 é um ano de confirmação do sucesso do atleta português, onde conquista cinco primeiros lugares nos Trails dos Abutres, Trail de Glazig, Ultr trail de Aldeias do Courel e o Ultra Trail Amigos da Montanha. Participa no Ultra Trail du Mont Blanc (103Km) e novamente na duríssima Maratona des Sables, conquistando dois honrosos 4º lugar. Em Dezembro desse ano, o homem que não conheceu os seus limites, vai para a Argentina enfrentar o Aconcágua, o ponto mais alto das Américas e do hemisfério Sul. No início de 2013, conquista o recorde mundial da montanha de 6962m, em 15 horas e 42 minutos, fixando o novo recorde que era até então de 20horas e 35 minutos. Depois desta conquista, Carlos Sá faz história no Vale da Morte, ao torna-se no primeiro português a conquistar a Ultramaratona de Badwater. Localizada num dos cenários mais incríveis, a prova inicia-se na baía de Badwater, situada a 86 metros abaixo do nível do mar, e termina no monte Whitney, a 4421 metros de altitude. Aos 145km, isolou-se e até à meta fez a corrida em gestão.
Neste ano de 2014, conta com a participação em Badwater (3º lugar), des Sables (4ºlugar), Caballo Blanco (11º lugar) e o The Costal Chalange (6º lugar). Participou também na Jungle Marathon, mas, no dia 9 de Outubro, Carlos Sá anuncia a sua desistência e a de Carlos Coelho, anunciando: “Acabou a minha aventura na selva antes do previsto. Chega de correr riscos, chega de ser humilhado por uma organização que não merece o mínimo do nosso esforço. Não sou pessoa de virar costas aos desafios por mais extremos que sejam, mas quando ultrapassamos a linha do razoável nada vale a pena, os azares evitam-se e a sorte também se constrói”
A Ultramaratona da Amazónia é composta por seis etapas, tem a distância de 254Km’s e foi considerada pela CNN a prova mais dura do Mundo, isto porque os participantes têm de enfrentar temperaturas que rondam os 40C, níveis de humidade de cerca de 90%, uma selva onde as densas copas das árvores cobrem um terreno difícil e onde por vezes é raro avistar um raio de sol. Sem contar com os pântanos, ou a travessia pelo rio habitado por piranhas. Uma prova de outro mundo acompanhada de perto pelos mais belos animais, incluindo araras e jaguares.
A desistência dos atletas portugueses e brasileiros é derivada aos conflitos com a organização e uma série de decisões incoerentes e descabidas, que poriam os atletas em situações de risco desmedido e desnecessário. É na liderança na qualificação geral que Carlos Sá toma esta decisão, através da sua página no Facebook o ultramaratonista explica a aventura na selva e o motivo desta decisão.
Os heróis são feitos de carne e osso e Carlos Sá é sem dúvida alguma um herói bem português.
Maggie, Carlos Sá é enorme! Obrigado por relembrares ou dares a conhecer um (dos muitos) herói nosso!!
Zimbora!
=)
Muito obrigada Hugo, para mim foi e é uma honra escrever sobre este grande português!!
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