Desde sempre que ouvi a expressão “quando apontamos um dedo, três ficam virados para nós”. De facto, as verdades mais cruas estão implícitas nos gestos mais simples.
Recentemente a vida presenteou-me com uma intensa lição de humildade.
Quantas vezes a nossa língua se torna viperina perante a realidade dos outros.
Não seria mais produtivo discutirmos ideias e não pessoas?!
Há já alguns anos que me tenho vindo a cruzar ocasionalmente com uma vizinha que, devido à sua atitude prepotente e comportamento aparentemente mais rude, despertava em mim o meu diabinho interior.
Até que num dia de sol caloroso, e em que fui passear com o meu bebé ao parque, lá estava a dita senhora sentada num banco lado a lado com o seu descendente. Contudo, era um filho adulto e diferente. Sim, sofre de deficiência e senti vergonha de mim mesma.
Quem era eu para ter julgado aquela mãe, sem ter calçado os seus sapatos por um único dia que fosse. Com certeza, a mochila emocional que ela trazia pesava e muito.
Duas mães a brincarem com os seus rebentos.
O nosso olhar algures se terá cruzado e eu senti compaixão e naquele momento, tornei-me numa pessoa ligeiramente melhor.