Saudade. Com uma palavra apenas podemos dizer tanta coisa, principalmente o que nos vai na alma. Escorre pelos olhos, mas faz-nos sentir vivos e dotados de um dom, o dom de amar.
Esta palavra tão significativa e tão única na Língua Portuguesa remonta a tempos que parecem ter passado, mas que permanecem na actualidade. O choro das mães ao despedirem-se dos filhos e dos maridos que partiam em busca de novas terras. Os poemas de amigo e de amor do tempo de D. Dinis. As cartas de amor trocadas entre os homens e as respectivas amantes, aquando dos tempos de guerra e do Ultramar, trouxeram um novo sentido ao coração dos portugueses.
A saudade está presente em tudo, desde os olhos dos que ficam aos olhos dos que partem. A saudade causa dor, separação, mas é o símbolo vivo do amor, da existência do amor. E numa sociedade em que a crise, o desespero, o trabalho árduo predominam, o que nos mantém cientes da realidade é o amor. É ele que traz a saudade e move montanhas. É o partir que torna a chegada tão desejada.
Vivemos num país que nos leva, cada vez mais, à emigração. Partem familiares, amigos, conhecidos, todos em busca do melhor, mas o que fica? A saudade. A saudade vive nos corações dos que esperam pela chegada dos entes queridos. A saudade que traz à tona o pesar da distância, a dor da solidão, a falta de um abraço, de um carinho.
Na verdade, saudade é um querer voltar, um querer voltar a sentir. Saudade é renascer, é viver sem esquecer e sem medo de sofrer. A saudade está presente em nós, nos que nos rodeiam, no trabalho, em casa, na rua. A saudade sente-se no ar. E é na saudade que nos encontramos a nós e à loucura que nos preenche.