“Enquanto estavas a levar com ele, não berraste com certeza!”
Ficaram chocados? Infelizmente era o que mulheres tinham de escutar muitas vezes no meio do sofrimento que é trazer à vida um bebé, atualmente, não sendo tão frequente a violência verbal, outros tipos de violência nas utentes grávidas ainda são alarmantes.
A sociedade espera que com o avanço da tecnologia, as mentalidades prossigam pelo mesmo caminho e não acontece com a velocidade desejada.
A violência obstétrica está na origem de vários problemas que afetam tanto a relação do casal como a relação com o bebé e no caso da existência de outros descendentes, estes também irão sentir o impacto.
Este tipo de violência pode manifestar-se de forma física, verbal, sexual, por meio de intervenções desnecessárias que não têm nenhuma prova científica.
É importante, trazer à luz alguma perceção da gravidade que é não ter as condições e/ou profissionais corretos para a área.
Para além da falta de condições que existem, quanto à falta de quartos e camas, às urgências de obstetrícia encerradas, existe também o desdém e/ou negligência com que alguns profissionais tratam as utentes, ressalvo que na sua maioria a culpa está na forma como tudo é gerido.
São incontáveis os relatos de mulheres que sofreram na pele, apenas por estar a passar por um processo natural com mais dificuldades.
Adquirir o conhecimento da lei é fundamental para a mulher se poder defender face a injustiças e a desregulações do sistema nacional de saúde. Nem todas as mulheres têm o à vontade de ter uma sala cheia de estagiários e/ou ser tocadas por vários enquanto estão num processo debilitante, por exemplo.
Ocorrências de gestantes serem ignoradas quando não consentem ou quando nem sequer são informadas de que irá acontecer são muito comuns.
Processos descuidados que afetam a saúde tanto da gestante como do bebé e podem levar inclusive a problemas graves tais como a sua comorbilidade e/ou à morte prematura do recém-nascido, no extremo dos extremos pode suceder à morte da mãe também.
A grávida tem o direito de se sentir livre para colocar quaisquer dúvidas e sem julgamentos questionar métodos pelo bem da sua saúde ao sentir a sua vida e a do seu rebento em risco.
Que as suas preocupações sejam levadas com seriedade, uma vez que todo o processo é uma incógnita. Ter acesso imediato ao auxílio médico sempre que necessário.
É preciso criar condições para os profissionais de saúde para que estes com qualidade façam o seu trabalho eficientemente antes, durante e após o parto.
Quantos séculos serão necessários para as necessidades básicas serem supridas?
A violência obstétrica vai contra todos os valores e a dignidade humana, surgimos todos do ventre da nossa mãe, foi ela que nos gerou, carregou, alimentou e trouxe ao mundo. Quando será possível, erradicar a falta de noção?
Nota: Este artigo foi escrito seguindo as regras do Novo Acordo Ortográfico.
Um absurdo a falta de humanidade nos serviços que mais exigem sensibilidade. As consequências desta crueldade são devastadoras.
Seu texto é uma denúncia séria e muito importante.
Muito obrigada Luciana. É uma breve chamada de atenção para a sua importância. Beijinhos.
Um assunto muito oportuno quando ainda se continuam a ouvir relatos infelizes de situações que não deviam acontecer em pleno séc. XXI, nomeadamente, dar à luz numa ambulância por falta de serviço obstétrico na zona de residência, deixar a parturiente sofrer até ao culminar das forças, por ser imperioso o cumprimento de protocolos.
Parabéns pela crónica.
É um tópico que ao ser debatido torna-se extenso e cansativo, no sentido em que não é qualquer pessoa que toma partido ou tem como prioridade o serviço da vida. Muito obrigada pela apreciação, beijinhos.