Nunca serei normal!

Eu já tentei ser normal!

Só que a normalidade é um vestido demasiado apertado, não está disponível na minha medida.

Desde pequena que me habituei a pisar a linha da normalidade para poder viver entre a meta, desenhada pelo mundo para medir a perfeição, e a loucura de ser incompreendida pelo mundo que tudo quer dominar. É que não tenho jeito para fazer tudo certinho seguindo as normas do manual da perfeição e por isso de vez em quanto tenho que quebrar algumas regras para me sentir viva.

A vida é para ser vivida e colorida com todos aqueles sorrisos que damos na pausa entre a sensatez de existir e a loucura de viver.

Pode parecer estranho, mas, já em miúda sonhava com coisas que fugiam dos padrões normais. Falava com as flores e explicava-lhes que tinha sonhos que se iriam realizar quando fosse grande. E grande para mim era ter muitos anos e viver tudo o que ia sonhando. O mundo queria-me obrigar a acreditar que só as crianças podem sonhar e eu fazia questão de dizer às flores que eu iria continuar a sonhar enquanto a vida me permitisse respirar.

O mundo e toda aquela multidão de adultos que tinham deixado de viver quando começaram a crescer olhava-me e condenava-me pela loucura de ser uma mulher com sonhos. Eu desafiava a vida com a ousadia de sentir tudo o que via. Sentia-me atraída pelo outro lado da vida. Pelo lado em que muitos não reparam. Sempre reparei naqueles detalhes mínimos que todos ignoram. Navegava nesse mar que não precisa de água para ter uma imensidão que ninguém consegue medir.

É por isso, que tantas vezes, me sinto diferente dos outros com quem me cruzo por aí nas avenidas apertadas da vida, em que ninguém se conhece. Não procuro dinheiro, não vibro com riquezas. Não preciso de multidões, atraem-me as minorias onde reina o que para mim é mais importante do que a riqueza. Só me sinto em casa quando estou entre os que espalham amor gratuitamente pelo universo e aqueles que se dizem perfeitos raramente o sabem fazer.

Sinto-me desorientada com os valores sem valor a que o mundo de hoje em dia presta culto. O mundo que nada sabe sobre religiões porque se converteu ao dinheiro. O mundo que fez do dinheiro um Deus que escolhe apenas alguns dessa multidão para a qual olho e com quem não me identifico. O mundo que se ajoelha e rasteja pela passadeira da fama implorando por dinheiro para comprar a felicidade, pensando que serão algumas moedas no fundo de uma algibeira que nos farão felizes. Felizes são aqueles que não tendo quase nada multiplicam essas carências pelo amor que lhes habita no coração e dessa forma se tornam em pessoas felizes e dão cor e alegria ao mundo cinzento.

Por isso é que nunca serei normal.

Nasci imperfeita e com um coração repleto de amor. Aprendi a sonhar e é com sonhos que quero continuar a viver. Não será o peso do mundo que me irá fazer vergar para deixar de sorrir todos os dias, afinal é de sorrisos e fé que os meus dias se fazem e se o mundo me acha louca não me importa, porque todos eles vivem muito longe da felicidade e eu passo-lhes ao lado todos os dias.

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