No rescaldo da morte do Capitão de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho e sem entrar na polémica do luto ou do seu papel na história do nosso país, serve esta referência para introduzir o tema de reflexão sobre uma pretensa conversa que terá ocorrido entre Otelo e Olof Palme, no pós-25 de Abril. O primeiro teria dito ao segundo que o que se pretendia nessa época em Portugal seria acabar com os ricos, ao que Olof Palme terá retorquido, com alguma piada, que na Suécia se pretendia precisamente o contrário: acabar com os pobres!
Eis o paradoxo da sociedade portuguesa atualmente – ou desde sempre!
Existe em nós – como país – uma mentalidade miserabilista. Os pobres que se comparam entre os pobres e os vizinhos entre os vizinhos. Passamos o tempo a olhar para o lado em vez de olhar para a frente. É verdade que as coisas têm mudado mas esta tendência parece que está entranhada nas células do povo. Se fulano tem, eu também tenho de ter, se enriquece com aquele negócio eu faça igual ou melhor! E andamos nisto… é a clássica história da galinha da vizinha ou a de matar a galinha dos ovos de ouro. Somos experts nessa matéria!
Quando nos deveríamos concentrar efetivamente em acabar com a pobreza e estimular as pessoas para a riqueza. Não queremos ser pobres, claro que não! Na verdade o que queremos é ser ricos! Só temos a energia mal canalizada, porque no fundo é isso que pretendemos todos no coletivo e individualmente. Mas esta coisa de ser pobrezinho e honrado ficou de tal forma espelhado no nosso sangue e ADN que nos continuamos a nivelar por baixo.
É difícil mudar o chip desta frequência de um dia para o outro mas não é impossível! Da mesma forma que nos ensinam a ler na escola, deviam ensinar-nos a estimular a curiosidade e a pensar em grande. Não quer isto dizer que todos nós estejamos talhados para chegar a reis ou CEOS de empresas, pode não ser esse o nosso caminho mas isso não quer dizer que o nosso top – não sendo o que acabei de referir – não nos faça sentir como reis ou CEOS de empresas. O que não podemos deixar é que nos façam crer que não podemos ou não devemos tentar!
Não podemos deixar que nos faça m lavagens cerebrais com comentários como: “devemos levantar as mãos para o céu só por termos um teto e um emprego que ponha comida na mesa”. Obviamente que somos gratos por ter isso mas não tem de ser, nem deve ser, apenas isso que a vida nos reserva.