No passado dia 27, comemorou-se o septuagésimo aniversário do fim da II Guerra Mundial e da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
Esta semana deparei-me com uma reportagem sobre os dados e histórias de cidadãos de ascendência portuguesa, nos campos de concentração nazi, durante a II Guerra Mundial. Algo surpreendente, mas não inesperado, pois a emigração sempre existiu.
Estamos habituados a pensar nos judeus como uma entidade abstracta, que sofreu muito e de quem temos uma pena abstracta, se não tivermos relações próximas com a comunidade, através de amigos, ou conhecidos. Quando um título apresenta a palavra português, a pena é menos abstracta está mais perto, porque portugueses somos efectivamente. Por qualquer motivo, poderíamos ter sido mortos, fossemos nós judeus portugueses emigrados em França, como o Michael , ou tivéssemos militado no partido comunista e combatido onde achámos que tínhamos feito falta, como o Luiz. Ou apenas por sermos portugueses e sermos considerados inferiores, gastadores, baixos, morenos, estúpidos, analfabetos, ou uma espécie de parente em terceiro grau de um outro primata. É ridículo, mas possível.
Razões não falta para que o poder se sobreponha à compaixão pelo próximo. Os racistas e nazis andam por aí e, se não os combatemos de forma militante, devemos todos os dias fazer valer a nossa opinião e tentar, em vez de julgar, comparar e valorizar (inferiorizar, na maioria das vezes), fazer a apologia da diferença e da aceitação. Esta é uma tarefa de todos, para que genocídios contra judeus, cristãos, muçulmanos, ou ateus se evitem.