Gosto muito de ti!

É costume chegar ao fim do ano e fazer o balanço de tudo o que se passou e verificar que os planos e desejos ficaram por cumprir. É sinal que somos humanos e não conseguimos chegar a todo o lado. Se alguns ficam muito aborrecidos com essa descoberta, outros ficam ainda mais motivados para prosseguir os seus planos. Não foi desta, mas será da próxima.

Olhamos para trás e verificamos que aconteceu tanto e nem demos por isso. Se por um lado tínhamos a vontade de conseguir cumprir tantos objectivos, porque era o início do ano e a boa vontade imperava, por outro verificamos que a preguiça se instala e o que começou bem acabou por ficar no primeiro capitulo e na esperança de ser concluído.

Nada está perdido e ainda vai muito a tempo de ser feito. Acrescentam-se novos desejos e a boa vontade solta-se, novamente, prestes a trabalhar com afinco. Tudo é novo e será fácil de conseguir. Respira-se fundo e avança-se sem medos num novo ano. Parece que as luzes são mais fortes e que tudo voltará a fazer sentido e nada de desagradável pode acontecer.

Depois faz-se uma pequena paragem e verifica-se que o que passou teve lados negativos, que nem tudo foi tão bom como se pretendia. Perdemos alguns amigos, alguns familiares e tivemos problemas na escola ou no trabalho. A saúde pode ter falhado e o dinheiro foi sempre curto. Nada de novo, mas que gostaríamos que não se repetisse.

Então, a luz interior acende-se e sabe-se que também se ganharam novos amigos e que esses ainda são fresquinhos e podem ser um verdadeiro bálsamo e alento para a continuidade. Também houve lugar para novos membros da família e tomámos decisões que foram as mais acertadas. Acordámos e temos mais um dia de vida pela frente.

Ninguém sabe como será o futuro e a vida deve ser vivida com gosto e prazer. Não se deve adiar nada, porque o depois pode transformar-se em nunca. Uma roupa é comprada com um propósito e deve ser usada. No caixão não faz falta. Uma viagem deve ser desfrutada no momento em que é decidida. Mais tarde pode ter sabor acre ou nenhum.

O mais importante serão os afectos. Vivemos num mundo de correria que até nos esquecemos de quem gostamos. Dizer que se ama alguém é essencial assim como pronunciar o seu nome, dizer-lhe quanto é importante para si. Deve ser um exercício diário, porque não se gasta. Aliás até tem a capacidade de se reproduzir com facilidade.

O novo ano está a chegar e não queremos cometer os mesmos erros. Talvez façamos novas coisas, nos interessemos por algo novo ou conseguimos descobrir um novo talento. Somos imensos e só nos conhecemos um pouco. Uma viagem interior será interessante, porque o que se descobrirá poderá ser surpreendente e fabuloso.

É tempo de agir, assim como se fossemos novamente crianças e ainda acreditássemos no Pai Natal, nas Fadas e nos Super-Heróis. A diferença é que podemos ser nós a desempenhar esses papéis e a tentar fazer com que a vida dos outros possa ser tão maravilhosa e mágica como desejamos para nós.

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