Ruanda é um pequeno país africano, que foi marcado por uma das piores e mais mortíferas barbáries da historia mundial. A população deste país é composta por três etnias: os hutus, os tutsis e os batwa.
Os batwa, também chamados de twa ou abatwa, são pigmeus e são uma minoria dentro de todo o contexto histórico e social ruandês. Antropologicamente, os pigmeus são grupos étnicos mundiais, cuja altura média é invulgarmente baixa.
Acredita-se que os batwa sejam a população mais antiga da região dos grandes lagos africanos. Costumavam morar nas florestas que rodeiam os lagos do Vale do Rift, em território ruandês e ugandés. Conta-se que os batwa abandonaram estas florestas, para irem cantar para Mwami, o rei que governou a região durante os anos 50, e que depois nunca mais voltaram para o seu território. No entanto, a realidade mostra que na verdade os batwa foram expulsos das suas terras para que pudessem ser criados os grandes parques naturais que actualmente atraem os milhares de turistas que pagam grandes quantidades de dólares para poderem observar gorilas.
Hoje em dia, os batwa vivem em comunidades, espalhados pelas verdes colinas ruandesas.
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Neste pequeno país, os conflictos entre as etnias, sempre foram uma constante durante todo o século XX e tiveram como consequência o horrível genocídio de 1994, que acabou por colocar um fim à violência no Ruanda. Contudo, deve dizer-se que actualmente a discórdia entre os grupos ainda existe, apesar de todos acreditarem que o genocídio é algo que não se pode repetir nunca mais.
Durante o genocídio, mais de 800.000 tutsis morreram com golpes de machado causados pelos hutus em apenas 100 dias. E os batwa? O que aconteceu com eles durante aqueles 100 terríveis dias de agonia? Deve considerar-se que esta outra etnia ruandesa foi ignorada neste conflicto entre hutus e tutsis. Porém, os números mostram que 30% dos batwa foram assassinados, durante aqueles dias de conflicto.
Como resultado deste apavorante episódio da história do Ruanda e do mundo, todas as referencias neste país sobre a etnicidade são um tabu. A etnicidade das pessoas foi apagada dos documentos oficiais e as palavras hutu e tutsi são como palavras proibidas. Em 2003, introduziu-se uma lei que impede o reconhecimento de qualquer grupo étnico.
Com tudo isto os batwa vivem invisíveis, representando apenas 0,4% da população do país, e, como minoria, foram obrigados a abandonar o seu território original e ficaram excluídos do registo nacional e do sistema. Mesmo partilhando a estrutura social e o idioma com as outras duas etnias, sempre foram considerados pelos outros grupos cidadãos de segunda classe. Marginalizados, são excluídos do acesso à educação, atingindo uma taxa de analfabetismo de 77%, e não têm acesso a bons empregos, a uma casa digna e a uma adequada atenção médica.
Pela pouca educação e formação que têm, poucos são os batwa que têm conhecimentos sobre técnicas de cultivo e a maioria vive da cerâmica, de trabalhos ocasionais e da mendicidade. Relatórios de 2007 relatam que a mendicidade foi a principal fonte de rendimento para 40% dos batwa no Ruanda.
Toda esta situação histórica e social, juntamente com o facto de serem um grupo pigmeu, faz com que a sua aceitação e integração social seja complicada. São discriminados, considerados inferiores e muitas vezes tratados como páritas da sociedade.
Como consequência do genocídio ocasionado por conflictos étnicos, as leis estabelecidas em 2003, que impedem o reconhecimento de qualquer grupo étnico e a falta de representação governamental, tornam complicada a ajuda específica a este grupo étnico por parte de organizações não governamentais.
Triste é que, tendo em conta todo o trabalho que é feito actualmente para conciliar os hutus e tutsis e considerando também todo o contexto histórico que se viveu no passado neste país, no qual sofreram-se grandes e graves problemas resultantes da discriminação e ódio entre etnias, não se faça nada por evitar a discriminação e marginalização dos batwa ruandeses, para se evitar futuros problemas.