O modelo, hoje tão mal falado, que foi construído desde o princípio da humanidade pós-industrial, em que cresces, estudas, casas, tens uma família, um carro e uma casa e morres. É a maneira mais fácil de entender a vida. Uma bitola simples para que os país, não se percam tanto no novelo da realidade, como na escada da realização pessoal. Uma ajuda preciosa.
Ora, como todas as regras foram feitas para serem quebradas, logicamente que com o avançar dos tempos, a rebelião foi ficando cada vez mais forte. O desejo de construir um caminho próprio tornou-se num movimento cada vez mais natural, menos underground.
Um adulto pode ser, na verdade, qualquer coisa. Mas a minha visão daqui do trigésimo oitavo ano de vida é que a maioria se esconde, mirra perante a sua vida e a via que escolheu. Tenta levar a água ao seu moinho, sem muitos sobressaltos. Os atalhos fazem parte da estrada principal, ou seja, procura-se muitas vezes uma caminho aberto sem querer ter o trabalho de o abrir. Aproveitando, para isso, tudo o que não sendo ilegal é, ou pode ser, imoral ou eticamente reprovável. A escala deste comportamento transversal, é ditada pela educação que cada um teve e pela régua moral que cada qual aplica a si próprio.
Ser adulto é lidar com tudo o que a vida nos atira para a frente. Sim, a falta de atitude também é uma resposta plausível. Portanto, estamos, a meu ver, condenados à resposta seja ela qual for, planeada ou instintiva, duradoura ou rápida. Todavia, a capacidade de cada um resulta do seu entorno emocional, da sua condição socioeconómica e da capacidade de influência.
Faltam-me muitas lições desta matéria que aqui abordo, portanto perdoar-me-ão as falhas no discurso, as faltas à verdade fatual, ou a distopia que aqui revelo. Pois, se assim não fosse e eu já tivesse lacrado o fim da história, seria um génio ou um louco. E a linha é fina demais para que eu consiga pisa-la. Para além disso, como sabe quem se dedica a pensar um bocadinho que seja, os limites do que sabemos expandem-se na razão inversa ao que ainda teríamos que saber – uma maneira moderna de citar o famoso “Só sei que nada sei” – para podermos compreender este mecanismo complexo que é crescer e corresponder às nossas expectativas.
A pressa que temos em crescer, quando somos mais novos, vem da ignorância daquilo que significa ser quem somos na idade que temos. Mais ainda, pela força e energia que temos e que, vorazmente, por desconhecermos uma palavra fundamental para os próximos anos da nossa vivência, a consequência. Pouco importa isso agora, porque o corpo grita ação e o cérebro fuzila pensamentos e ideias e anseia por revolução, mudança! Curiosamente, aquilo que muitos dos que cresceram comigo tinham medo, lidavam mal ou excluíam das suas próprias vidas. Porque projetar é um ato normal e humano. Indicar é mais fácil do que fazer.
Em suma, dizem que filho de burro não pode querer ser cavalo. Como se para ser seja lá o que for tivéssemos que mudar a nossa essência. Disparate, está tudo na perspetiva.