A Filosofia ensinada no secundário é olhada como o parente pobre das disciplinas, mas ela tem uma grande importância que muitos não reparam. Qual é a importância da Filosofia? Por que devemos estudar Filosofia?
Nos dias que correm faz sentido estudarmos Filosofia? Estão os nossos jovens preparados para o ensino desta matéria?
De repente sinto-me transportada para o ano letivo 1988/1989, quando entrei para o meu 10º ano e tive o primeiro contacto com a Filosofia!
Aos 16 anos, foi-me apresentada esta disciplina, com o excelente Prof. Sá. Uma aula em que o importante não era nem decorar, nem “marrar”, mas sim pensar! Dei por mim entusiasmada com uma janela de oportunidade que se abria diante dos meus olhos, onde o meu professor nos encorajava a ser argumentativos, a defender os nossos pensamentos, a termos a capacidade de os sustentar e os explicar aos demais colegas.
Do meu 10º ano, há conhecimentos básicos que, de forma muito elementar, vos deixo aqui de forma a enquadrar este artigo de opinião.
A palavra “Filosofia” deriva do grego da junção das palavras philos e sophia – e que se resume ao amor pela sabedoria, o querer saber, a paixão pelo conhecimento.
De uma forma muito resumida e em termos mais leigos, digamos que a Filosofia para Platão e Aristóteles seria uma atividade racional estimulada pelo assombro ou admiração. Já para Descartes, a Filosofia é a investigação das causas primeiras, dos princípios fundamentais. E para Kant, a Filosofia seria um pensar sobre o pensamento ou um conhecer o conhecimento.
E agora, de novo para 2018… faz falta filosofar!
Aos jovens de hoje, que têm tanto acesso a informação, questiono-me sobre que conhecimento têm? Que vontade têm de descobrir novos mundos, novos conceitos? Como se expressam em defesa dos vossos ideias? Que argumentos sustentam cada uma das vossas decisões? Como vos pode a Filosofia ajudar?
A Filosofia ajuda-nos a ter a capacidade de elaborar argumentos que defendem aquilo em que acreditamos, pois o porque sim aqui não é aceite!
Estimular o pensamento, estimular a capacidade de argumentação, capacitar os seres humanos a ouvirem, a saberem estar atentos ao que os rodeia, desenvolver capacidades de observação e de interiorização dos fenómenos observados, e daí saber tirar conclusões. Eis portas que a Filosofia nos abre e que nos tempos que correm tanta falta fazem.
Falamos muito, nos dias de hoje, das soft skills. Estas competências intrínsecas a cada um de nós, que podem ser trabalhadas e melhoradas, não estão elas tão interligadas ao que é a Filosofia?
Temos de entender o ser enquanto ser, ou pelo menos estudar e tentar (Metafísica). O conhecimento que adquirimos temos de saber quando e como aplicá-lo (Epistemologia). Quando optamos por um determinado tipo de pensamento mais exacto (Lógica). Quando cingimos o nosso método de estudo ou trabalho a diversas directrizes que nós próprios criamos (Ética). Quando observamos uma peça de arte que nos impressiona, um pôr-do-sol que nos emociona (Estética). Digamos que a Filosofia nos acompanha em tudo e a cada passo na nossa vida.
Todavia, como qualquer disciplina de estudo, devemos estimular a nossa mente, criar desafios a nós próprios, participar em debates, ler muito e desenvolver um raciocínio critico. Só assim crescemos na Filosofia e os caminhos cintilam com a verdade que entendemos (seja a nossa, devidamente fundamentada, ou as provenientes de linhas de pensamento já existentes).
Estimulem-se, pois, os jovens a filosofar, a serem capazes de defender aquilo em que mais acreditam de forma assertiva e argumentada. Estimulem-se as mentes dos jovens a serem capazes de ir mais além do que as barreiras impostas por currículos escolares fechados, para mentes executantes e não mentes pensadoras. Enfim estimulem-se, pois, os jovens a defenderem a sua irreverência de forma sustentável e eloquente!
Orientemos os nossos jovens a pensar fora da caixa, a serem pensadores e não meros executantes!
