Empatia, palavra que arrasta consigo simpatias e revoltas quando na verdade deveria ser tão simples como respirar. Simples por saber que o homem é um animal social e precisa do outro para viver, mas complexa por envolver várias componentes, nada fáceis de gerir.
A partilha e a compreensão fazem parte do estado emocional. São essenciais para que o relacionamento entre os pares seja o melhor possível. Mas se a parte cognitiva for descurada, a capacidade de entendimento dessa partilha escoa-se como se nunca tivesse existido e a regulação das emoções é impossível de ser conseguida.
Ser empático é para duros e não se admitem lágrimas de crocodilo. Uma emoção é algo de pessoal e o ombro amigo, aquele que deve estar disponível para quando é necessário. é tão importante como respirar. Um amigo é um ser empático, o que se esquece de si e se dá em prol do outro.
A sociedade retira, agora, a sensibilidade, as emoções e os sentimentos. Sentir tornou-se algo de pernicioso e levanta exércitos de vozes que se revoltam com quem quer que a liberdade seja um valor maior. Há que tapar tudo, com força e violência, para que nunca mais se repitam estes atos subversivos.
Saber estar na pele do outro é um dom, uma forma de se posicionar na vida, um frio despojamento que afinal mostra calor e muita dedicação. Estender a mão que tem de chegar ao coração, ao âmago da questão, é dar-se como se o tempo não existisse e pudesse ser outro.
Quando se sente o mundo a fugir, os pés a escorregarem na vida, a sensação de vórtice é enorme. Tudo gira como se fosse um filme e os segundos passam a horas intermináveis cheias de monstros e outras espécies de seres muito estranhos. Se houver quem saiba puxar, para o lado da margem, o afogamento deixa de existir.
Os que sabem ouvir são como pequenos anjos que flutuam em ares especiais buscando as almas perdidas que choram lágrimas de aço. O sangue que lhes escorre é sólido e não líquido, uma espécie de carapaça que se vai colando ao corpo e deixa a alma, aquela parte que serve para acumular, desfeita e partida em mil pedaços.
Os querubins tocam, ao de leve, nos sofredores, abrem os seus braços invisíveis e, depois da ligação feita, guardam em si as dores alheias, os picos de dor do outro, as maleitas que tanta incomodavam. Misturam tudo, numa taça especial onde o sentimento forte é o cimento que liga tudo. Depois, quando terminado, barram com uma espátula feita de amor, o véu que lhes poderá dar alento e força para continuar.
Empatia, palavra tão difícil de entender…