Dizem que as desilusões são ilusões desfeitas, mas não são. Uma ilusão pode permanecer viver, desilusão após desilusão. Nós somos todos especialistas em alimentar ilusões, mantê-las vivas dentro de nós. A desilusão tem a ver com expectativas que criamos para determinada situação, uma possibilidade não alcançada por força das circunstâncias ou porque fizemos uma má avaliação das condicionantes.
A ilusão é algo que não existe, senão na nossa cabeça, no nosso imaginário e que nunca terá a hipótese de se tornar real.
Já há algum tempo que digo que não tenho desilusões e a verdade é que, apesar de um exercício permanente nesse sentido, contínuo a criar uma ou outra expectativa, quase inconscientemente.
Já as ilusões fruto de má percepção ou de pródiga imaginação acompanham-me numa realidade paralela. À medida que amadureço as ilusões tornam-se cada vez mais nítidas e mais companheiras.
Já não são um engano, mas uma opção.
E vivo bem com elas, se bem que o facto de as saber impossíveis as tornam ainda mais apetecíveis.
Ser maduro é isso mesmo: ter a noção das nossas limitações e do nosso valor, criando expectativas cada vez mais difíceis de nos decepcionar e, por outro lado, saber aceitar as ilusões como uma constante na vida, sem nos prendermos a elas e delas sermos dependentes.
As desilusões fazem parte de todo o processo de crescimento e são o que nos permite aprender a avaliar cada vez melhor cada situação, sem prejuízo de sermos eternamente ingénuos na nossa capacidade de acreditar.
Eu sou toda essa mistura de uma ingenuidade desenganada de acreditar em ilusões e de uma fé inabalável de que conseguirei aguentar qualquer desilusão que a vida me traga.