Como assim vamos ficar todos bem?

Evito ferir susceptibilidades, matar a esperança forçada ou ser demasiado pessimista, mas nas condições actuais não consigo acreditar que vamos ficar todos bem.

É simples: pessoas vão morrer, famílias serão devastadas, o desemprego vai aumentar. Tudo o que não tinha estrutura vai desmoronar-se, sejam casamentos mal resolvidos, empresas mal formadas, pessoas sem responsabilidades.

Tudo vai mudar, como no século XV mudou. Assim como o aparecimento da peste negra deitou o feudalismo por terra, chegou agora a vez do capitalismo cair.

O que vai ser a partir de agora então?

Acredito que, em qualquer área das nossas vidas (quer no contexto pessoal, empresarial ou social) existem duas opções: ou se aprende e se muda ou ignoramos a aprendizagem e repetimos os mesmos erros, até vir o universo e nos empurrar por um precipício abaixo (exactamente como a situação que todos vivemos agora).

A expectativa é que neste caso haja aprendizagem e por consequência uma mudança, uma mudança para melhor. Pode até nos parecer que vamos ter que andar um pouco para trás, para poder seguir para diante, mas a verdade é que história é cíclica. Repete-se vezes sem conta para que nos possamos preparar para o que aí vem. Os padrões repetitivos não são mais do que testes à aprendizagem e se estamos sempre a fazer os mesmos testes, significa que continuamos a querer a mudar a situação, em vez de mudar a nossa atitude perante a situação, ou seja, não aprendemos.

Neste caso, se quisermos aprender, mudar a nossa perspectiva é o essencial, porque só assim é que podemos ver o mundo com outro olhar, só assim deixamos de intransigências, negligências e todas aquelas competências que nos individualizam e nos fazem sentir sós. Que deixemos de ser escravos dos nossos horários, trabalhos e tudo o que nos rouba por dentro. Que deixe de haver a monopolização das massas, a ilusão de que o dinheiro comanda e que sobretudo deixemos de acreditar no culto da imagem e do fingimento que está tudo bem.

A verdade é que não vamos todos ficar bem.

Vamos sofrer. Vão ficar mazelas, arranhões, talvez corações partidos, desgostos sofridos. Vamos chorar, assustarmos-nos e escondermos, vamos nos sentir sós, longe até de nós. Vamos ficar arrependidos e surpreendidos, mas também vamos ter que nos esforçar, para que quem se conseguir levantar dos próprios escombros, seja para iluminar, ajudar e orientar os ansiosos pelo o que aí vem.

Teremos que fazer com que tudo isto tenha valido a pena. Teremos que estar prontos para enfrentar novas adversidades, muitas são as verdades que nos vão chocar, teremos, sem dúvida, que as nossas vaidades matar para que possamos aumentar a confiança. Ficar mais tempo em casa é essencial para que da nossa prisão interna nos possamos libertar.

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