S. Pedro, o santo pescador

Festejado a 29 de Junho é o patrono dos pescadores. Mesmo sendo menos popular que Santo António ou São João no que toca às festividades, é no seio da igreja que, do ponto de vista litúrgico, se lhe rende a maior importância.

Nasceu em Betsaida, uma povoação da Galileia, situada nas margens do lago Genesaré. A água foi o chamamento e em Cafarnaum, o porto mais conhecido daquelas paragens, exerceu a profissão de pescador.

Convidado por Jesus Cristo para o seguir, muda-lhe o nome para Pedro, aquele que seria a pedra basilar da religião cristã. Simão, o seu nome original, será o guia dos apóstolos e o primeiro da igreja, tendo pregado na Judeia, Galileia, Ásia Menor e Roma.

Companheiro e amigo inseparável de Jesus até ao seu suplício e morte no Monte das Oliveiras, resolve fugir na altura em que o seu mestre é levado. No regresso nega, três vezes, tudo o que lhe apontam.

Esta traição será a dor que transporta toda a vida, mesmo tendo sido perdoado por quem ofendeu. Foi Pedro que Jesus escolheu para visitar, em primeiro lugar, após a ressurreição e lhe falar de forma a acalmar a sua mágoa.

Em Antioquia, funda a primeira igreja e é preso por ordem de Herodes Agripa I, mas acaba por ser liberto por um anjo. Parte para Roma, cidade de que foi bispo e o primeiro papa, dando sempre a conhecer a obra de Jesus aos judeus.

Muitos e grandes foram os seus milagres, bem como o poder da oratória. Em cada palavra sua nascia mais um crente, o que assustava o poder vigente. É de novo preso, no reinado de Nero, onde converte e baptiza os guardas Processo e Martiniano e ainda mais quarenta e sete pessoas que estavam detidas.

Foi crucificado no ano 64, em Roma, de cabeça para baixo, a seu pedido, pois não merecia ser tratado como o seu Mestre, uma postura de humildade que o coloca como símbolo dos simples e dos trabalhadores.

É representado como um homem robusto, de barba curta e de meia-idade, vestido de papa mais, na maior parte das vezes, de apóstolo, alguém que o povo identifica como sendo da sua forma de estar.

Ergueram-se vários templos em sua honra. Alguns muito sumptuosos. O mais famoso de todos é a Basílica de São Pedro, em Roma, construída no reinado do imperador Constantino I e restaurada ao longo de mais de cem anos.

Sendo um santo popular, os seus festejos incluem bailes, procissões e ainda ofertas pelos serviços prestados. A sardinha assada, o copo de vinho e o balão, são símbolos que se preservam.

Na verdade, todas estas festividades estão enraizadas na Idade Média. As cantigas de amor, composições singelas e muito puras, de origem autóctone, revelam estes comportamentos. A poesia trovadoresca tudo regista.

A religião era a forma de fugir aos ritos de trabalho, ou melhor, de os aliviar e, por isso, os bailes serviam esse propósito. Assim sendo, tudo o que fosse para sair da rotina, era aproveitado ao máximo.

Hoje cumprem-se os mesmos trâmites, mas de modo bem mais descontraído. A música serve de base para o convívio com os amigos e o santo patrono há muito foi esquecido. Uma ingratidão que não lhe causa qualquer desconforto.

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