A busca da Pedra Filosofal ou a descoberta do Elixir da Eterna Juventude têm atravessado a História da Humanidade desde que a consciência é consciência. No Cinema, o tema foi tratado num vasto conjunto de obras. Cocoon – A Aventura dos Corais Perdidos, uma pérola de 1985 realizada por Ron Howard, permanece-me gravado como uma das mais especiais.
Não me canso de repetir que uma das memórias de infância e inicio da adolescência que guardo com mais carinho são as sessões de cinema em família, nas tardes de sábado ou domingo, quando alugávamos os filmes para o fim-de-semana. Provavelmente nem foram assim tantas as matinés (uns dez filmes, talvez?), mas a memória trata de distribuir por um período generosamente estendido o que nos faz bem, levando-nos a acreditar ter sido assim aquele tempo.
No seio de uma comunidade de idosos na Florida, um grupo descobre um conjunto de casulos guardados numa piscina. Depois do banho sentem-se rejuvenescidos. Um armador de recreio conduz um grupo de visitantes a alto mar, onde vão recolher casulos semelhantes do fundo do oceano para os depositar… na piscina. A notícia torna-se difícil de guardar. O resto é o comportamento do ser humano perante a novidade, a dádiva e o contacto com a diferença. A excitação, o respeito (e a falta dele), a aceitação, o amor e a amizade emergem nesta história
Mais tarde, à medida que fui recolhendo preciosidades pela experiência do Cinema ao longo da vida, fui conhecendo Don Ameche (vencedor de um óscar neste filme), Wilford Brimley, Hume Cronyn, Jessica Tandy, Jack Gilford, e a maravilhosa Maureen Stapleton. Uma legião de “velhotes” que trazem tanta magia a esta pérola tão luminosa quanto ela brilha na minha memória de infância.
Cocoon pode não ser um grande filme, mas, para, mim é mesmo uma maravilha, a magia do Cinema em estado puro, como puros são os sentimentos retratados. Cocoon transporta tudo aquilo em que queremos acreditar e contra o qual esbarramos nos pequenos e enormes conflitos da vida. Cocoon foi filmado com sensibilidade, sem cuidar de esconder a esperança ou a dor. Cocoon conta a história perante a qual muitos jovens, na fronteira entre a infância e a adolescência, sairiam mais ricos, curiosos e amantes da vida, se com ela (a obra) se cruzassem. Cocoon é luz, é a experimentação de Ron Howard, são os velhos na flor da vida e nós a viajar para além dela, da tela, da nossa pequena rotina. Um diamante.